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moratória da soja desmatamento da amazônia passivos do agronegócio
2009-04-15
Má notícia: apesar da moratória da soja, acertada entre ambientalistas e o setor agrícola em 2006, novas áreas de floresta no bioma Amazônia foram abertas e semeadas com a oleaginosa nos últimos dois anos. Segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), dez fazendas com novas áreas de soja foram identificadas por satélite, na última safra, totalizando cerca de 1.385 hectares de área plantada. Oito delas estão localizadas no Mato Grosso; duas, no Pará.

Olhando-se por outro ângulo, a boa notícia é que as áreas abertas são bastante pequenas perto do "potencial de destruição" da floresta nos dois Estados amazônicos. Para alguns, isso já sugere efeitos do cerco da moratória. Em vigor desde 2006, a moratória representa o compromisso da indústria da soja de não adquirir grãos de áreas desmatadas no bioma Amazônia a partir de julho de 2006. Gigantes do setor são signatários - ADM, Cargill, Bunge e Amaggi entre eles.

Em Brasília, a Abiove e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) afirmaram que não adquirirão produção de áreas desmatadas. "A comercialização será feita considerando o levantamento de propriedades que plantaram em novas áreas desmatadas e qualquer compra estará condicionada a consulta da mesma. Para os pré-financiados que desrespeitaram a moratória, a produção proporcional à área desmatada será recusada, e o acesso a crédito na safra 2009/10 será restringido".

Todos os olhos estarão voltados a partir de agora para o cumprimento do pacto. "Eles [a indústria] conhecem os produtores e disseram que terão uma auditoria independente", afirmou Paulo Adário, do Greenpeace, para garantir que nenhuma saca de soja seja comprada de produtores que desmataram a floresta. Alguns desafios, porém, ainda colocam em xeque a continuidade e o sucesso da moratória. Um deles é a morosidade no georreferenciamento das propriedades rurais. Sem saber os limites das fazendas, torna-se difícil saber quem está fazendo o quê e onde.

Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, isso não parece ter lá tanta pressa. Ele mostrou satisfação com os resultados, mas não deu prazos para algumas promessas antigas, como o recadastramento de propriedades rurais do bioma Amazônia. O monitoramento contemplou 630 polígonos, em 46 municípios e 157.896 hectares.

(Valor Econômico, 15/04/2009)

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