As mudanças climáticas trarão grandes mudanças nos padrões mundiais de incêndios florestais e estas mudanças já estão ocorrendo rapidamente. Esta é a conclusão de pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, em colaboração com cientistas da Texas Tech University. Os resultados foram publicados na edição de 8/4 da PLoS ONE.
Os pesquisadores utilizaram sensores térmicos infravermelhos, de satélites da Agência Espacial Européia, com dados obtidos entre 1996 e 2006, para desenvolver um estudo de pirogeografia (‘pyrogeography’, a distribuição e o comportamento de fogo em uma escala global). Eles não só tiveram uma visão global de locais onde ocorrem incêndios florestais, mas avaliaram as características ambientais comuns associadas com o risco de incêndios. Em seguida, essas variáveis foram incorporadas em projeções climáticas para desenvolver cenários de ocorrência dos incêndios florestais em todo o mundo.
Os pesquisadores avaliaram, em essência, duas variáveis necessárias para descrever a presença de fogo suficiente para queimar vegetação e da janela no momento em que as condições são quentes e secas o suficiente para que ocorra a ignição. A partir dos cenários elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima, eles descobriram que grande parte do planeta vai conviver com incêndios em atividade, com grandes aumentos na atividade de incêndio no período 2010-2039.
Modelos anteriores de atividade de fogo concentraram-se em regiões específicas, incluindo o sul da Califórnia e a Austrália. Os cientistas advertiram que as mudanças climáticas, já em 2006, poderiam aumentar o risco de incêndios florestais em todo a sudeste da Austrália. Três anos mais tarde, no início dos anos de seca, uma onda de calor elevou as temperaturas em até 20 graus acima da média na região. Essas condições, coerentes com o futuro esperado no âmbito das mudanças climáticas, criaram as condições para o incêndio mais mortal na história do país.
As florestas da Califórnia e da Austrália são naturalmente resistentes ao fogo. Algumas espécies de árvores dependem de incêndios, que ocorrem em períodos específicos, para se regenerar, mas o aumento da intensidade e da frequência pode superar a capacidade de recuperação.
O risco pode se especialmente preocupante nas florestas úmidas, que não possuem resistência natural ao fogo. Com as mudanças climáticas e as mudanças no regime de chuvas as florestas úmidas, tais como a Amazônia, tendem a ficar mais secas e, portanto, mais vulneráveis ao fogo. Os pesquisadores disseram este estudo é um primeiro passo para criar uma visão global de como as mudanças climáticas irão alterar o risco de incêndio em todo o mundo, se cortes drásticos nas emissões de gases de estufa não ocorrerem.
A pesquisa foi conduzida com o apoio da The Nature Conservancy. O artigo “Global Pyrogeography: the Current and Future Distribution of Wildfire” publicado pela Plos ONE está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.
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Henrique Cortez Weblog, 14/04/2009)