A pesca desenfreada pode eliminar dentro de três anos a população de atum azul em idade de procriação no Atlântico, disse nesta terça-feira (14/04) a entidade ambientalista WWF. A ONG afirmou que só uma dramática redução da pesca poderá salvar esse peixe, um dos maiores e mais rápidos predadores do oceano.
Na véspera do início da temporada de pesca no Mediterrâneo, que dura dois meses, a WWF disse que, no atual ritmo, suas análises demonstraram que os atuns azuis com 4 anos de idade ou mais, a idade da desova, irão desaparecer até 2012. "Há anos as pessoas se perguntam quando irá ocorrer o colapso dessa atividade pesqueira, e agora temos a resposta", disse Sergi Tudela, diretor de Atividades Pesqueiras da WWF Mediterrâneo.
O peixe, que pode alcançar mais de meia tonelada e é mais rápido do que um carro esporte, é muito usado em sushis. A demanda japonesa provocou uma explosão no tamanho da frota pesqueira do Mediterrâneo na última década, e muitos desses barcos usam ilegalmente aviões para localizar cardumes. "O atum azul do Mediterrâneo está acabando enquanto falamos, e mesmo assim a pesca vai começar novamente amanhã, de forma normal. É absurdo e indesculpável abrir uma temporada de pesca quando os estoques da espécie-alvo estão acabando", acrescentou Tudela.
Grupos ambientalistas condenaram um acordo assinado em novembro por vários governos, especialmente europeus, para estabelecer quotas de pesca do atual azul. O grupo considera as quotas 'um desastre' e 'uma desgraça', e diz que os países novamente preferiram ignorar seus próprios cientistas, já que as quotas são 47 por cento superiores ao que foi recomendado.
O atum azul — cuja carne vermelha chegou a alimentar os exércitos romanos, na forma de peixe seco — também é alvo da pesca ilegal. Cada vez mais restaurantes e supermercados (como a rede Carrefour na Itália) tem boicotado a venda do atum azul. De acordo com o WWF, dados oficiais mostram que o tamanho médio dos atuns adultos caiu a menos da metade desde a década de 1990, e que isso teve um impacto ainda maior sobre a espécie, pois peixes maiores produzem mais crias.
A WWF e outras ONGs dizem que o atum azul só será salvo se a pesca parar completamente nos meses de maio e junho, quando o peixe atravessa o estreito de Gibraltar e se espalha pelo Mediterrâneo.
(JB Online/
AmbienteBrasil, 14/04/2009)