O departamento nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas) disse nesta terça-feira que a Coreia do Norte pretende criar uma bomba de plutônio com a reorganização do programa nuclear após o rompimento com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a expulsão dos inspetores estrangeiros.
"A Coreia do Norte pediu a remoção de todos os equipamentos de contenção e vigilância, assim como toda a equipe que deverá deixar o país com máxima urgência", disse Marc Vidricaire, porta-voz da ONU.
Segundo fontes diplomáticas em entrevista à Reuters, a mudança estava esperada para ocorrer somente na quinta-feira (16), mas que teria sido antecipada devido a urgência de Pyongyang em retomar o programa. Segundo especialistas, a Coreia do Norte deverá retomar as atividades nucleares em, no mínimo, três meses.
O governo japonês pediu nesta terça-feira que a Coreia do Norte aceite as decisões tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU, que condenou o lançamento do foguete no último dia 5 pediu o fim do programa nuclear. A China, tradicional aliada dos norte-coreanos, pediu "calma e moderação" na possível aplicação de novas sanções à Coreia do Norte por parte dos países membros do Conselho de Segurança.
HistóricoAté hoje, três inspetores da AIEA trabalhavam fiscalizando a usina nuclear de Yongbyon, com capacidade para processar urânio e produzir plutônio, material usado na fabricação de bombas atômicas.
Por meio de um comunicado, a AIEA informou que as autoridades de Pyongyang comunicaram a decisão de reativar todos os reatores e de "continuar processando combustível nuclear".
Com o anúncio feito nesta terça-feira, o regime norte-coreano muda os rumos de seu enfrentamento com a comunidade internacional por seu polêmico programa de armas nucleares. Anteriormente, o ministério de Assuntos Exteriores da Coreia do Norte já tinha dito que não participaria mais da negociação multilateral para o término de seu programa atômico.
Essa não é a primeira vez que Pyongyang anuncia a expulsão de inspetores internacionais. Em 9 de outubro do ano passado, a AIEA teve vetado seu acesso à usina de Yongbyon. Porém, quatro dias depois, o regime norte-coreano voltou atrás em sua decisão.
(
Folha online, 14/04/2009)