A região do Chaco, compartilhada por Paraguai, Bolívia e Argentina, pode abrigar até seis grupos de índios isolados, sem qualquer contato com a “civilização”. É o que revela um novo estudo de campo realizado pela organização não-governamental Iniciativa Amotocodie (IAM). Em entrevista ao jornal ABC Color, Benno Glauser, pesquisador da IAM, confirmou a descoberta de rastros deixados por um grupo até então não-detectado de índios do grupo étnico Ayoreo, na extensa e despovoada região de fronteira seca entre Paraguai e Bolívia.
Das seis tribos que continuariam em estado completo de isolamento, em população máxima estimada de 120 indivíduos, três estariam em território paraguaio e três em terras bolivianas, deslocando-se em áreas aparentemente demarcadas e cruzando, vez ou outra, a linha imaginária que delimita os dois países. “Hoje, seus territórios, sua vida cotidiana e seu futuro estão sob uma ameaça cada vez mais aguda, dada a acelerada e violenta expansão dos desmatamentos para a pecuária, as invasões do território com trilhas de prospecção petrolífera, a aniquilação de cursos d'água e o agronegócio”, apontou Glauser.
“Eles vivem da caça e da coleta, complementadas pela pesca e por algumas plantações feitas ao andar em épocas de chuvas. Os diferentes grupos não parecem estar em contato entre si e ficam essencialmente dentro de seu território grupal específico”, confirmou. O grupo mais ameaçado pela expansão das atividades do “homem branco”, precisamente, seria o recém descoberto, cuja área tradicional, situada 120 quilômetros a sudeste da cidade de Santa Cruz de la Sierra, encontra-se cada vez mais rodeada por lavouras e contaminada pelo uso intenso de agrotóxicos.
Mbyá GuaraníOutra tribo que encontra riscos de desaparecimento em sua forma tradicional de manifestação, devido à pobreza extrema de seus integrantes, é a tribo Mbyá Guaraní da localidade de Obligado, região sul do Paraguai. Na semana passada, líderes tribais receberam a visita do vice-presidente Federico Franco.
No local, Franco constatou a necessidade de promover ações básicas de apoio aos indígenas, como provisão de água potável, ajuda alimentar e melhoria das precárias e superpovoadas moradias. Indicadores de saúde, como mortalidade infantil e desnutrição, são mais altos entre a população indígena.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski,
SopaBrasiguaia.com, 13/04/2009)