Com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, e da Petrobras, no valor total de R$ 2,6 milhões, o Observatório Nacional inaugura hoje (14), em seu campus no Rio de Janeiro, um novo prédio que tornará a instituição referência mundial na área de geofísica. Durante a solenidade, que terá a presença do ministro Sergio Rezende, o atual diretor do Observatório Nacional, Sergio Fontes, será reconduzido para um novo mandato de quatro anos.
O Centro Internacional de Pesquisas em Geofísica funcionará no novo prédio, que leva o nome do pesquisador Lélio Gama, um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Sergio Fontes disse que, graças a investimentos da Finep e da Petrobras, o Observatório Nacional passa a ter equipamentos de ponta para concluir projetos como a Rede Sismográfica do Sul e Sudeste do Brasil e o pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil, entre outros.
O processo de implantação da rede sismográfica está sendo iniciado. Ao longo do ano, a expectativa é instalar em áreas militares, para que haja proteção dos equipamentos, pelo menos cinco ou seis estações equipadas com sismógrafos. No total, serão 11 estações em todo o país. A rede vai monitorar os tremores de terra no Sul e Sudeste brasileiros, que concentra a maior parte da população, visando a atender também à questão de segurança das pessoas. A rede tem custo de R$ 6,1 milhões, financiado pela Petrobras.
“Ainda não é possível, infelizmente, a gente prever com exatidão a ocorrência de um terremoto. O que se pode fazer é saber as regiões onde eles ocorrem com mais certeza”, disse Fontes. Ele acrescentou que no futuro, com o avanço das pesquisas e mais equipamentos instalados, esses fenômenos poderão ser previstos. Os dados sismológicos poderão permitir avanços no conhecimento geológico da crosta terrestre no território brasileiro, ajudando a entender a evolução das bacias sedimentares, por exemplo, explicou Fontes.
O pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil, por sua vez, vai atender às pesquisas do próprio Observatório Nacional e de universidades de todo o país. O projeto está funcionando em caráter preliminar e deverá entrar em operação oficial dentro de três meses. O financiamento da Petrobras atinge R$ 14 milhões. O pool será utilizado pelas diversas instituições que integram a rede temática de geotectônica da estatal de energia brasileira.
Outro projeto que contribuirá para tornar o observatório um centro de referência mundial em geofísica é a Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos. Atualmente, a instituição opera apenas dois observatórios magnéticos de forma contínua. Um deles está localizado na cidade fluminense de Vassouras e o outro em Tatuoca (PA).
A partir deste ano, a idéia é ter mais oito estações permanentes no Brasil e outras 15 itinerantes. “O Brasil vai ficar com uma cobertura bastante importante em termos de acompanhamento do campo magnético da terra”. No total, serão 25 observatórios, incluindo os dois já existentes.
O projeto é importante não só para o conhecimento do planeta, como para a área econômica, destacou o geofísico. “Medidas do campo magnético são feitas para avaliar recursos minerais, petróleo”. Sergio Fontes lembrou que o estudo do campo magnético da terra é essencial para entender as mudanças que vêm ocorrendo nos pólos sul e norte e as implicações que isso pode ter para a vida no planeta.
Estão sendo fechados acordos com universidades para dar apoio ao projeto. Já estão definidas algumas áreas de interesse para a instalação de magnetômetros. São elas o Amazonas, Acre e Rondônia, no Norte; Brasília e Mato Grosso, no Centro-Oeste; o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, no Sul; e São Paulo, no Sudeste. “A gente vai tentar uma cobertura a mais ampla possível no país”, afirmou Fontes. A Finep tem investidos no projeto R$ 670 mil.
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 13/04/2009)