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agroecologia monocultura pesquisa agropecuária
2009-04-14
Qual é a melhor estratégia, especializando-se em uma cultura ou culturas diversificadas? Cultivo convencional é mais rentável do que a agricultura biológica? É menos arriscado? São questões permanentes na agricultura e, no Brasil em especial, elas são extremamente importantes, considerando que, desde o período colonial, mantemos a tendência de optar por cultivo de monocultura intensiva em vastas áreas. Com ligeiras adaptações, o modelo coronelista da monocultura em latifúndio ainda permanece.

Para responder a estas questões, pesquisadores da Universidade de Wisconsin, College of Agriculture and Life Sciences e do Michael Fields Agricultural Institute, Wisconsin Integrated Cropping Systems Trial (WICST), testaram as diversas combinações de cultivo, na tentativa de identificar a sua rentabilidade. No caso da pecuária, os pesquisadores, avaliando dados em dois locais no sul do Wisconsin, entre 1993-2006, confirmaram que a criação orgânica em pastagens é mais rentável do que a criação confinada, alimentada à base de ração e forragens.

No caso brasileiro, nossa pecuária, majoritariamente, adota o modelo extensivo em pasto. A pecuária é o maior e mais importante fator de devastação na Amazônia, sendo que, em 2007, 35% do rebanho bovino nacional estava na Amazônia Legal. O estudo também demonstrou que a produção orgânica e diversificada também é mais rentável do que a tradicional. Mesmo que a produção nominal seja menor, a produção orgânica e diversificada possui mais valor, oferece maior receita líquida e reduz os riscos associados às monoculturas.

Os pesquisadores, avaliando informações do cinturão agrícola dos EUA, o meio-oeste, determinaram que os sistemas orgânicos são mais rentáveis do que os padrões intensivos das monoculturas de milho e soja, além da alfafa, destinada à alimentação animal. Este estudo indica que a política pública que apóia as monoculturas está obsoleta e deve ser transferida para apoiar programas que promovem as rotações de culturas e as práticas da agricultura biológica.

Se isto é verdade nos EUA podemos concluir que ela é especialmente verdade no Brasil. Como afirmei anteriormente, nossas políticas públicas, desde o período colonial, são focadas no incentivo às monoculturas, especialmente de exportação. No entanto, mais de 60% de nossa alimentação cotidiana é produzida pela pequena agricultura, pela agricultura familiar e pelos assentamentos da reforma agrária que, no entanto, recebem 1/3 dos recursos públicos destinados às monoculturas.

A clara compreensão das diferenças entre produção x produtividade e receita bruta x receita líquida são fundamentais para uma avaliação correta das vantagens da agricultura orgânica e/ou da produção agroecológica. Sem esta compreensão os ‘números’ podem ser enganadores, como demonstra o crescente endividamento dos produtores de monoculturas.

O artigo “Organic and Conventional Production Systems in the Wisconsin Integrated Cropping Systems Trial: II. Economic and Risk Analysis 1993–2006″, publicado na edição online do Agronomy Journal, da American Society of Agronomy (ASA) está disponível para acesso integral no formato HTML.

(Henrique Cortez Weblog, com informações de Sara Uttech, American Society of Agronomy, 13/04/2009)

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