Se depender apenas da vontade do governo brasileiro, a solução para o impasse com o Paraguai em torno da usina binacional de Itaipu pode surgir ainda no mês de abril, durante o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo. Marcado para Brasília, nos próximos dias 29 e 30/04, o encontro deve colocar, frente a frente, as reivindicações paraguaias de dispor livremente de seus 50% de energia na usina e a determinação brasileira de manter tudo como está, oferecendo, para tanto, propostas alternativas.
Tais propostas, taxadas de “insultantes e inaceitáveis” por Ricardo Canese, coordenador da comitiva paraguaia, consistem no financiamento de obras em território paraguaio, na concessão de linhas de crédito para investimentos em infraestrutura e aumento de US$ 113 milhões / ano nos pagamentos ao Paraguai. Em entrevista ao jornal ABC Color, Canese descartou a aceitação de ofertas como as linhas de crédito do BNDES, uma vez que trariam acopladas a exigência de contratação de empresas, mão-de-obra e insumos brasileiros e, também, taxas de juros mais altas do que as oferecidas por outros países e instituições.
A expectativa de acordo entre Brasil e Paraguai foi tema de reportagens publicadas pelos jornais O Estado de São Paulo e O Estado do Paraná. A este último, Jorge Samek, diretor brasileiro de Itaipu e autor de polêmicas declarações, voltou a desqualificar a razoabilidade das reivindicações paraguaias.
“É unânime entre os visitantes estrangeiros a afirmação de que não existe um tratado tão justo quanto o de Itaipu”, afirmou Samek, referindo-se às delegações internacionais que visitam a usina. Até o momento, no entanto, nenhum país declarou apoio oficial ao Brasil em seu diferendo com o Paraguai.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski,
SopaBrasiguaia.com, 11/04/2009)