O presidente iraniano demonstrou estar disposto a negociar com os Estados Unidos, mas descartou as exigências para interromper seu programa nuclear --que países ocidentais temem ser dedicado ao desenvolvimento de bombas-- em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel.
Mahmoud Ahmadinejad também pediu "mudanças fundamentais" nas políticas de Washington, ecoando os comentários do líder supremo Ayatollah Ali Khamenei e outras autoridades iranianas.
"Se o comportamento dos Estados Unidos mudar, nós podemos esperar um progresso importante," ele disse em uma entrevista veiculada no website da Der Spiegel, se referindo a décadas de disputas entre Teerã e Washington.
A nova administração norte-americana do presidente Barack Obama, revertendo a política de George W. Bush, ofereceu um "recomeço" nas relações diplomáticas, se a república islâmica abandonar a posição combativa.
Rompendo com o posicionamento do passado norte-americano de rejeitar negociações diretas com Teerã, Washington disse na semana passada que iria se engajar em discussões com o Irã sobre seu programa nuclear.
O Irã respondeu com cautela aos avanços de Washington, afirmando que quer ver uma mudança real na política dos Estados Unidos, que comanda os esforços para o isolamento do Irã devido ao seu programa de enriquecimento de urânio.
"Nós apoiamos negociações com base em justiça e respeito. Essa tem sido sempre a nossa posição. Nós estamos esperando Obama anunciar seus planos, para podermos analisá-los," disse Ahmadinejad.
"Nós falamos com muito respeito de Barack Obama. Mas nós somos realistas. Nós queremos ver mudanças reais," ele disse. "Nós sentimos que Obama agora precisa seguir suas palavras com ações."
Ao mesmo tempo que procura se engajar com o Irã, a administração de Obama também avisou que vai procurar sanções severas se o país continuar a desafiar as exigências das Nações Unidas para interromper atividades nucleares.
Ahmadinejad deixou claro que não pretende se dobrar às pressões contra seu programa de enriquecimento de urânio. "Essas discussões são antigas. O tempo para isso acabou," ele disse.
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Estadão online, 12/04/2009)