Os tremores de terra continuam, mas com menor intensidade, na região central italiana de Abruzzo, onde continuam os trabalhos entre os escombros em busca de algum sobrevivente ou para retirar novos cadáveres, além das 293 vítimas fatais registradas até agora, com a descoberta hoje de três corpos.
Um dia depois do funeral de Estado realizado em L'Aquila, o prefeito de L'Aquila, Franco Gabrielli, pediu hoje às pessoas que, nas comemorações da Páscoa, não vão à cidade.
"Não venham a L'Aquila, aqui, continua-se trabalhando. Deixem as ruas livres", disse Gabrielli, acrescentando que os moradores da capital de Abruzzo agradecem a solidariedade, mas que não é o momento de "turismo solidário nem de excursões", já que o trabalho ainda não acabou".
"Os bombeiros, a Defesa Civil e outras forças precisam de espaço e do caminho livre", disse.
A Polícia Rodoviária também pediu que as pessoas não viajem à área do terremoto, a cerca de 80 quilômetros de Roma, se não for estritamente necessário.
Em L'Aquila e nas localidades atingidas, continuam os trabalhos de escavação em meio às ruínas, muitas casas correm o risco de desabar e algumas estradas locais seguem bloqueadas, enquanto os tremores não param, embora de menor intensidade que o de 5,8 graus na escala Richter registrado na segunda-feira.
Hoje, houve três abalos de magnitude de entre 3,3 e 3,2 graus Richter, que voltaram a espalhar pânico entre os moradores de L'Aquila, Pizzoli, Fossa e Collimento, localidades entre as quais foi localizado o epicentro.
Em meio aos tremores, os bombeiros resgataram hoje os cadáveres de uma idosa, de uma mulher de cerca de 50 anos e de um jovem de 17 anos em meio aos escombros de uma casa do centro de L'Aquila, o que eleva o número provisório de vítimas para 293, informou a Defesa Civil.
As vítimas moravam em um imóvel em frente à Casa do Estudante, residência estudantil que desabou, matando vários estudantes, e que se transformou em um dos símbolos do terremoto.
Os bombeiros buscam entre as ruínas um rapaz de 17 anos, filho da mulher de aproximadamente 50 anos.
Com o passar das horas, as esperanças de encontrar pessoas com vida sob os escombros vão diminuindo, levando em conta, entre outros, o frio que faz à noite em L'Aquila.
O presidente do Senado, Renato Schifani, visitou L'Aquila hoje para ver as áreas atingidas e passar o dia com os desabrigados, que estão em centenas de tendas de campanhas instaladas nos arredores da cidade.
A tensão entre os hospedados nas "tendópolis", como foram já batizadas, aumenta com o passar das horas, e hoje uma médica voluntária repreendeu Schifani, afirmando que as pessoas já estão cansadas de tantas visitas de políticos, enquanto vivem em péssimas condições, sem calefação e com banheiros que não funcionam.
Nas "tendópolis" começam, no entanto, os preparativos da Páscoa, data muito festejada pelos italianos, e em algumas tendas estão sendo colocados altares para celebrar amanhã a missa do Domingo da Ressurreição.
Muitas pessoas compraram a tradicional colomba pascal para distribuir entre as crianças.
O papa Bento XVI, informou o Vaticano, mandou ao arcebispo de L'Aquila, Giuseppe Molinari, uma quantia não informada de dinheiro para ajudar os desabrigados, assim como 500 ovos de Páscoa, material litúrgico e cálices para as missas.
O procurador de L'Aquila, Alfredo Rossini, pediu hoje que os agentes da Carabinieri realizem, junto com técnicos, os primeiros estudos para verificar com que materiais foram construídas as casas que desabaram.
Paolo Buzzetti, presidente de uma associação nacional de construtores, disse à imprensa local que, se o cimento armado usado estivesse nas normas, deveria ter resistido ao tremor.
O engenheiro Paolo Clemente, da Defesa Civil, disse à imprensa local que o cimento utilizado em alguns edifícios não era de qualidade, e denunciou que alguns "maus" construtores utilizam areia de praia, que custa muito menos que a areia de construção.
Clemente especificou que o problema desse uso é que, "além das impurezas que apresenta, é uma areia cheia de cloreto, que, com o passar do tempo, corrói o ferro".
Além de edifícios, o terremoto também causou danos ao setor agrícola, que foram avaliados hoje por uma associação de agricultores em 100 milhões de euros.
(Efe,
UOL, 11/04/2009)