Após cerca de dois anos entre concepção e início dos testes na Lagoa do Faxinal, em Içara, o projeto Ventus, para a geração de energia eólica, pode sair da fase experimental e passar para o início da de comercialização ainda neste ano. A energia produzida já abastece uma casa e uma empresa de jardinagem e paisagismo, e a previsão é que, nos próximos seis meses, o protótipo com 25 metros de altura possa virar um modelo a ser utilizado para abastecer um farol em uma praia do Rio Grande do Sul.
O protótipo instalado em Içara tem potência de 15 kW e foi produzido totalmente com componentes fabricados no País. O gerador foi produzido pela Weg Máquinas, de Jaraguá do Sul; a torre, pela criciumense Milano; as pás de fibra de vidro, pela Almeida e Just, de Florianópolis, e os componentes eletrônicos ficaram sob a responsabilidade da EquisulGLP, de São José. A Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) é parceira do projeto e monitora por meio de informações repassadas via celular do protótipo instalado na Lagoa do Faxinal para a Ufsc, em Florianópolis.
Possibilidade de energia limpa e mais barataHonorato Tomelin, coordenador do projeto Ventus, explica que o protótipo trata-se de um microssítio eólico, que tem como intenção levar energia elétrica para locais que ainda não possuem, e mesmo melhorar a qualidade da energia oferecida no perímetro rural. "No caso da energia rural, a eólica funcionaria como um marcapasso, que uniformizaria a qualidade, sem problemas de quedas ou enfraquecimento", explica. Segundo Tomelin, o protótipo está sendo submetido "às piores condições possíveis", para que todos os ajustes possam ser realizados.
"Não tem como ficar fazendo manutenção constante no sítio eólico. Ele tem que ser projetado para passar anos sem dar problemas", diz. Após a gama de testes a que o protótipo está sendo submetido, Tomelin diz que algumas partes precisam ser melhoradas, como o gerador e algumas peças.
Edison Van Der Linden, diretor de projetos da Milano, empresa que participa do projeto Ventus, afirma que o estudo do mercado para verificar possibilidades de expansão do Ventus começará a ser realizado, assim como o levantamento dos valores do projeto. A instalação de um modelo em um condomínio sem energia, localizado na praia de Tramandaí, está nos planos dos realizadores do projeto, que já foram contatados pela Marinha do Brasil para que a tecnologia sirva para abastecer um farol em uma praia gaúcha.
Mas a utilização da energia produzida a partir dos ventos para levar luz a comunidades isoladas talvez tenha sido o maior impulsionador do projeto. "Se usarmos o parâmetro de mercado, que diz que para atender 30 casas, o gasto com a construção da rede é de R$ 360 mil, chegamos à conclusão de que as mesmas residências podem ser abastecidas com energia eólica por um preço menor", afirma Tomelin.
(Por Milena Nandi,
A Tribuna, 09/04/2009)