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fontes alternativas
2009-04-09

Em um reflexo tardio da crise no crédito, os recursos destinados a novos projetos de renováveis caíram fortemente neste primeiro trimestre do ano segundo a New Energy Finance e analistas clamam pela rápida liberação dos fundos prometidos para o setor

Os novos investimentos em energias limpas caíram para apenas US$ 13,3 bilhões no primeiro trimestre de 2009, uma queda de nada menos do que 44% com relação ao último trimestre do ano passado e 53% abaixo dos níveis alcançados no primeiro trimestre de 2008, segundo a New Energy Finance, consultoria que desenvolve análises de mercado sobre energias renováveis e tradicionais.

Os efeitos da crise no crédito e da recessão chegaram apenas neste início de ano aos investimentos em energias renováveis, tecnologias de baixo carbono e eficiência energética.

Segundo a New Energy Finance, as quedas sem precedentes nos investimentos no último trimestre têm duas causas. Primeiro, e a mais significante, são as bruscas baixas nas atividades básicas. Em segundo lugar, muitos acordos estão levando mais tempo do que o usual para serem fechados por causa do estado do mercado financeiro e, por isso, não foram finalizados até o último dia deste primeiro trimestre.

Os investimentos ligados a venture capital e private equity em empresas de energias limpas se mantiveram bem em 2008, uma vez que tais fundos aplicaram recursos na expansão de novas empresas de tecnologias, muitas das quais tiveram um ano saudável no mercado de ações.

A New Energy Finance alerta, todavia, que no primeiro trimestre de 2009, estas duas modalidades de ativos financeiros caíram 22% comparado com os US$ 1,8 bilhões que representavam no quarto trimestre do ano passado – o pior desempenho trimestral dos últimos dois anos.

Na avaliação da consultoria, o segmento mais fraco foi o de investimentos públicos. Os investidores de mercados de ações contribuíram com menos de US$ 100 milhões em empresas de energias limpas neste trimestre de 2009, apesar de um número de outras empresas com uma matriz diversificada de atividades, algumas em energias e outras não, não terem sido bem sucedidas em levantar recursos do tipo equity.

“Os planos de estímulo verde podem representar a luz no final do túnel para as empresas de energias limpas, mas ao mesmo tempo o setor está sendo atropelado pelo trem que está vindo”, afirma o presidente e CEO da New Energy Finance, Michael Liebreich.

Na avaliação de Liebreich, as perspectivas para médio e longo prazo são fortes, dado os imperativos das economias do G20 para cortarem as emissões de carbono e aumentar a segurança energética.  “Nós prevemos que, com as políticas atuais, os investimentos anuais do setor voltarão a crescer e alcançarão US$ 350 bilhões em 2020 – apesar de que, como vimos no nosso trabalho recente Global Futures, mesmo isso não será suficiente para alcançar o pico de emissões de dióxido de carbono antes de 2020”, diz.

Mas neste momento, Liebreich destaca que a indústria terá que passar por algumas dificuldades até que os fundos de estímulo comecem a fluir. “Somente aí poderemos focar novamente nos desafios de longo prazo.”

Nos Estados Unidos, os ativos ligados a construção de novos projetos de energias renováveis totalizaram US$ 500 milhões neste ano, comparado aos US$ 2 bilhões injetados no quarto trimestre de 2008 e os US$ 5 bilhões no primeiro semestre.  Apesar dos planos do presidente Obama de fundos de estímulo para o setor e desses números mostrarem o quanto eles são necessários, estes recursos ainda não foram liberados.

Os investimentos totais em energias limpas chegaram a US$ 155 bilhões no ano passado, levemente superior a 2007 ( US$ 148 bilhões).  A New Energy Finance afirma que, considerando a desaceleração deste primeiro trimestre, será necessária uma brusca aceleração nos próximos meses para que o ano alcance os níveis de 2008.
 
Brasil
No Brasil, ativos financeiros ligados a construção de novos projetos, como usinas eólicas e de biocombustíveis, somaram US$ 3,3 bilhões no quarto trimestre de 2008, caindo bruscamente neste primeiro trimestre para US$ 900 milhões.

Porém, os refinanciamentos subiram rapidamente para US$ 1,4 bilhões, mais da metade do total mundial, vindos virtualmente do zero no último trimestre do ano passado. Os bancos estatais passaram a preencher a lacuna de financiamento deixada pelos bancos privados, particularmente no setor de etanol. “Isto pode apontar para o resto do mundo o que pode ser alcançado pelo setor público se houver a intenção política”, afirma New Energy Finance.

O diretor da Ecom Energia, Marcio Sant’Anna, ressalta que apesar do recolhimento no crédito ter deixado muitas usinas de biomassa a partir do bagaço da cana com dificuldades financeiras, isto criou uma nova oportunidade para muitas empresas que pensam a longo prazo.  É o caso da Ecom Energia, comercializadora paulista de energia livre, que está firmando parcerias com alguns usineiros e preenchendo a lacuna de investimento necessária para a continuidade dos projetos.

Sant’Anna explica que, entre 2002 e 2006, os investimentos em energias renováveis no Brasil foram fortes nas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), seguido pelo movimento das usinas de bagaço de cana, tendo o ano de 2008 como pico de interesse. “A terceira onda seria a de energia eólica, incentivado pelo leilão de nova energia previsto para o final deste ano”, comenta.

(Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil, 08/04/2009)


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