Os negociadores norte-americanos tentaram na quarta-feira (8), último dia da conferência climática de Bonn, minimizar as expectativas quanto à rapidez nos avanços nas negociações, depois de o presidente Barack Obama ter prometido uma nova liderança dos EUA no combate ao aquecimento global.
O encontro de 11 dias foi o mais recente de uma série de eventos destinados a preparar a adoção de um novo tratado climático que substitua ou prorrogue o Protocolo de Kyoto a partir de 2012. A definição está prevista para dezembro, em Copenhague.
Obama prometeu liderança dos EUA na questão climática durante a sua viagem da semana passada à Europa, o que gerou grandes esperanças.
Mas, em Bonn, a realidade foi de complexas negociações, e os representantes dos EUA salientaram as dificuldades do trabalho.
"As negociações estão apenas começando, trata-se de um assunto complicado", disse o novo sub-representante especial dos EUA para a mudança climática, Jonathan Pershing.
"A manchete simples de que as temperaturas estão subindo captura a imaginação do público como deveria, mas as dificuldades, as complexidades, as nuances do que se faz a respeito exigem muito tempo, energia e sofisticação", afirmou. "Encontrar um terreno comum levará algum tempo."
Os países em desenvolvimento queixaram-se de que a conferência de Bonn chegou ao fim sem um indicativo das metas de reduções de emissões de gases do efeito estufa por países ricos, nem promessas de verbas para promover cortes de emissões nos países do Sul, como esperavam alguns.
Os países mais pobres argumentam que o mundo desenvolvido angariou sua riqueza ao longo de dois séculos de industrialização, o que os levou a jogar na atmosfera enormes quantidades de dióxido de carbono (o principal dos gases do efeito estufa). Por isso, esperam que o Norte tome a iniciativa e ajude a pagar pela redução do carbono no Sul.
"Estamos muito decepcionados neste ponto dos acontecimentos", disse à Reuters o embaixador da China para o clima, Yu Qingtai. "Viemos a Bonn desta vez esperando que finalmente fôssemos focar no mandato central deste grupo de trabalho", disse ele, referindo-se ao grupo de negociação que deveria estabelecer os parâmetros para as futuras reduções das emissões nos países desenvolvidos.
Pershing admitiu que muitos países em desenvolvimento precisarão de ajuda para enfrentar o problema. "Levamos a sério nossa responsabilidade de trabalhar com aqueles países para que avancem", disse.
A reunião de Bonn lançou na quarta-feira as negociações plenas sobre o texto do novo tratado climático, conforme se esperava. A próxima conferência da ONU sobre o tema está marcada para junho.
Durante sua campanha eleitoral, Obama prometeu medidas para que até 2020 as emissões de carbono dos EUA voltem aos níveis de 1990. Mas Pershing disse ser "improvável" que o Congresso dos EUA formalize essa meta até junho.
(Estadão Online/
AmbienteBrasil, 08/04/2009)