As empresas brasileiras têm uma postura avançada em relação à questão da sustentabilidade do planeta, em comparação a de outros países em desenvolvimento, disse nesta terça (07/04) à Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc), Flávio Gazani. O projeto denominado Carbon Disclosure Project (CDP), criado na Inglaterra, reúne 745 grandes investidores internacionais, como bancos e fundos de pensão, que somam US$ 55 trilhões em ativos. O CDP é a principal iniciativa internacional do setor financeiro que atua como interface entre os temas das mudanças climáticas e da sustentabilidade das empresas.
Flávio Gazani revelou que o CDP solicita às empresas que se inscrevam no projeto e divulguem suas emissões, bem como as ações que estão tomando com o objetivo de reduzi-las. “E o Brasil é o segundo país que teve a maior adesão. Tem mais de 60 empresas inscritas. Fica atrás somente da Inglaterra, que sedia o projeto e é um país desenvolvido”.
Há necessidade, entretanto, de que haja uma maior conscientização por parte das empresas brasileiras quanto à necessidade de redução das emissões de gases poluentes, levando em conta o tamanho do mercado nacional. “Há muito que se evoluir em termos de conscientização em relação à questão da sustentabilidade e, especificamente, em relação às mudanças climáticas”, indicou.
As companhias inscritas no CDP assumem o compromisso de medir suas emissões e divulgar as iniciativas de combate. “Os investidores que participam do projeto começam a enxergar essa questão como uma questão de risco, um custo”. Se há riscos regulatórios prementes, isso aumenta o risco do investimento em capital que esses investidores estão fazendo, observou. A transparência é, então, o principal objetivo do CDP, além da atuação sócio-ambiental responsável. Os dois fatores tendem a ser levados em conta, inclusive como gerenciamento de risco, disse Gazani.
Ele admitiu que se as empresas inscritas no CDP tiverem a iniciativa de implementar projetos de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, o número de projetos aumentará no país, do mesmo modo que a participação do país crescerá nesse mercado.
Levantamento realizado pela Abemc mostra que o setor do agronegócio brasileiro é o destaque nos projetos de MDL no país. “Cerca de 45% dos projetos no Brasil são do setor do agronegócio”. Gazani citou entre eles os projetos de co-geração de energia em usinas de açúcar e álcool e de redução de metano em granjas de suínos, bovinos e aves. Em contrapartida, 25% das emissões de gases de efeito estufa no país também advêm desse setor, que apresenta grandes oportunidades a serem aproveitadas.
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 07/04/2009)