O Projeto Genográfico, que trata de traçar, através de amostras genéticas de quase todos os povos autóctones do mundo, a ancestralidade do Homem e suas conexões genéticas, desde o surgimento do Homo sapiens, foi apresentado à Comissão Nacional de Ética na Pesquisa (CONEP), do Ministério da Saúde, na semana passada.
No mundo inteiro, cerca de 100.000 indivíduos autóctones da África, Europa, Oriente Médio, Índia, Indonésia, Austrália, Sibéria, Ásia em geral e das Américas participarão do Projeto Genográfico. Na Europa serão portugueses, espanhois, ingleses, sérvios, russos, finlandeses, suecos, enfim, todos que são nativos da Europa há muitos milhares de anos. No Brasil contar-se-á com a participação de cerca de 80 a 100 povos indígenas, de acordo com a aceitação de cada um. A participação é absolutamente voluntária. É possível que alguns povos indígenas não queiram participar do projeto e a eles não interesse saber de suas ancestralidades. Mas muitos certamente quererão saber.
O ideal do Projeto Genográfico-Brasil é traçar as rotas e os momentos em que as populações indígenas se instalaram nos diversos ambientes do Brasil e das Américas; será importante também formular hipóteses sobre como essas populações, enquanto grupos genéticos, se comunicaram entre si, e com que proximidade temporal eles estão relacionados entre si.
O Projeto Genográfico não diz respeito às culturas e sociedades atuais. Não fala de nações ou etnias, e sim de grupos geneticamente próximos ou longínquos. O Projeto Genográfico trará uma grande contribuição para a história do povoamento do Brasil, para o conhecimento das migrações dos povos indígenas em eras passadas e para ajudar no conhecimento das relações linguisticas, especialmente aquelas que não são bem conhecidas.
Para os índios, o Projeto Genográfico será mais uma ferramenta da ciência e da tecnologia para eles se apropriarem e conhecerem, do ponto de vista da ciência genética, parte de sua história que remota a milhares de anos atrás. Alguns membros da CONEP e o representante indígena fizeram algumas objeções ao Projeto Genográfico e exigiram mudanças em alguns pontos para que pudesse vir a ser discutido em mais detalhes em nova reunião.
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Blog do Mércio, 06/04/2009)