A crise financeira internacional afetou o mercado de carbono mundial, reduzindo à metade o preço do crédito do carbono negociado. O preço dos créditos de redução de emissão de carbono (CERs, na sigla em inglês) caiu no mundo inteiro e afetou também o Brasil, passando de 20 euros por tonelada, equivalente a um crédito de carbono, para 10 euros a tonelada.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc), Flávio Gazani, explicou na terça-feira (7) à Agência Brasil que o preço do carbono está vinculado ao preço do petróleo no mercado externo. Como houve queda no preço do barril do petróleo, o mercado de carbono acompanhou essa retração.
Combustível fóssil, o petróleo é a maior fonte emissora de gás carbônico do mundo. “Então, se caiu o preço do petróleo, a tendência é que o crédito de carbono seja de alguma forma ligado a isso”, avaliou Gazani.
Outro fator que contribuiu para a retração do mercado de créditos de carbono foi a redução do ritmo de trabalho e produção das empresas. Menos produção resulta em menos emissões e, conseqüentemente, um número maior de alocações de crédito de carbono para colocar no mercado. “Essa projeção faz com que a demanda por crédito de carbono de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) caia e o preço, também”, disse Gazani.
O mercado de carbono não é um mercado financeiro. Os projetos não são negociados em Bolsa de Valores. “Eles são negociados bilateralmente na maior parte das vezes”, explicou Gazani.
Ele ressaltou que o Brasil foi o único país a realizar, em abril do ano passado, um leilão de créditos de carbono em Bolsa de Valores regulada. O resultado foi a venda integral do lote de 800 mil certificados, gerando para os cofres da prefeitura de São Paulo recursos no montante de R$ 34 milhões. Cada lote leiloado correspondia a uma tonelada de carbono não lançada na atmosfera.
O Brasil é o terceiro maior mercado gerador de projetos de MDL. Esses projetos foram estabelecidos no Protocolo de Quioto - concluído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1997 e em vigor desde 2005, com a ratificação da Rússia.
Os projetos de MDL permitem a compensação das emissões de gases causadores do efeito estufa na atmosfera. O mecanismo é considerado um incentivo para que empresas de países industrializados invistam em projetos de redução de emissões de países em desenvolvimento.
O Brasil só perde para a China, que detém cerca de 30% dos projetos de MDL, e para a Índia, com 27%. O Brasil aparece na terceira posição, com 10% dos projetos. No ano passado, o mercado global de carbono faturou US$ 118 bilhões.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil /
AmbienteBrasil, 07/04/2009)