Os representantes de 50 países aproveitaram o encontro climático que está sendo realizado em Bonn, na Alemanha, para cobrar uma promessa feita pelas nações ricas de criação de um fundo para auxiliar as adaptações necessárias em consequência das mudanças climáticas.
Em 2001, durante uma conferência da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC) no Marrocos, as nações ricas se comprometeram a criar um fundo internacional para dar apoio a programas nacionais de adaptação.
Agora, 39 países afirmaram que terminaram seus estudos de adaptação e que para colocá-los em prática precisarão de mais de US$ 1,6 bilhões. Porém, o tal fundo internacional conta com apenas US$ 200 milhões e somente uns poucos projetos podem ser beneficiados.
“Os pobres querem que nos próximos cinco anos até US$ 2 bilhões sejam disponibilizados, dessa forma os ricos cumpririam sua promessa”, afirmou Saleemul Huq, do Instituto Internacional de Meio e Desenvolvimento.
“Os mais humildes e vulneráveis são os que menos contribuíram para o aquecimento global, mas serão os que mais sofrerão seus efeitos. Os ricos devem assumir sua responsabilidade e aumentar a ajuda que podem oferecer”, conclui Huq.
América LatinaOs investimentos em adaptação seriam de muita importância para o continente latino-americano. Segundo o relatório "Mudanças Climáticas e Desenvolvimento na América Latina e Caribe. Uma resenha", da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), divulgado em março, a região é uma das mais vulneráveis às conseqüências das mudanças climáticas no planeta.
Por estar em uma faixa de furacões com numerosos estados insulares e áreas costeiras baixas; por depender dos degelos andinos para fornecimento urbano e agrícola de água; e por estar sujeita a inundações e incêndios florestais, a região pode ser mais afetada que outras partes do mundo.
Ninguém questiona a dívida que os países ricos têm com as outras nações, já que foram eles que mais poluíram. Porém, ao contrário do que muitos imaginam, a contribuição do continente latino-americano para as mudanças climáticas não é pequena se forem considerados os números per capita ou por unidade de PIB. Com 8,5% da população e do PIB global, a região é responsável por 12% das emissões de gases de efeito estufa mundiais.
Além disso, segundo o pesquisador de Energia e Sustentabilidade do Centro Latino-americano de Ecologia Social, Gerardo Honty, a espera por recursos internacionais pode causar a falta de ação dos países mais pobres e também a perda de oportunidades econômicas. “O investimento em fontes renováveis, em eficiência energética e a introdução de tecnologias para um melhor aproveitamento dos recursos hídricos são objetivos a serem buscados sem depender de recursos estrangeiros”, escreveu Honty no artigo ‘América Latina: a hora de uma Economia Climática’.
"Isto faz com que não haja razões poderosas para esperar por eles [recursos estrangeiros], mesmo que se mantenham as justas reivindicações. Em troca, se pode desde já aproveitar as oportunidades que o desenvolvimento dos novos mercados e produtos oferecem – somando-os aos benefícios econômicos, sociais e ambientais que estas mudanças propiciam – em prol da sociedade latino-americana” concluiu o pesquisador.
(Por Fabiano Ávila,
CarbonoBrasil/IISD, 07/04/2009)