Com o aumento dos casos de febre amarela no Estado, ambientalistas estão lançando campanha para a preservação dos bugios. A iniciativa leva em conta que o tipo de febre amarela transmitida no Rio Grande do Sul é silvestre. Segundo o coordenador da campanha, o biólogo e professor da PUCRS Júlio César Bicca-Marques, em alguns municípios as pessoas matam os macacos achando que estão evitando a doença. 'Esse é um pensamento equivocado e distorcido. Os bugios não são os transmissores da doença. Na verdade, indicam os locais em que as autoridades devem redobrar os cuidado porque houve a circulação do vírus', explicou o biólogo, lembrando que os bugios sobrevivem só cerca de um dia depois da contaminação.
Bicca-Marques, que coordena o Programa de Pós-Graduação em Zoologia da PUCRS, destacou que os macacos já são ameaçados pela caça e pelo comércio ilegal, além de sofrerem com a redução e a degradação do seu hábitat, as florestas. Recordou que, no início do ano, órgãos como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a Sociedade Brasileira de Primatologia lançaram campanha explicando que o animal é vítima da doença. À época, foram distribuídos cartazes nos municípios que entraram na área de risco da febre amarela. Segundo o biólogo, foram constatados casos de envenenamento de animais na região Oeste do RS.
Bicca-Marques ressaltou que a morte dos bugios torna mais difícil a detecção da doença. 'Como os macacos são mais sensíveis, quando um morre, em seguida começa a campanha de vacinação. Sem eles, a febre amarela só será identificada quando uma pessoa apresentar sintomas ou morrer.' O macaco não transmite a doença a humanos, mas é infectado pelo mosquito Haemagogus. Não há levantamento do número de bugios no RS. Formam pequenos grupos e são mais comuns no Norte.
(Correio do Povo, 08/04/2009)