Ainda sob o impacto da “tempestade negra” que atingiu parte do Paraguai na tarde de sábado (04/04), autoridades locais anunciaram o início de análises científicas para tentar encontrar explicações para o fenômeno, que pintou de preto a paisagem e assustou a população. Nesta segunda-feira (06/04), Oscar Alberto Salazar Yaryes, diretor do Instituto Nacional de Tecnologia, Normatização e Metrologia (INTN), anunciou estar de posse de amostras de água coletadas durante a inusual chuva negra, para submetê-las a análises mais detalhadas.
Em entrevista ao jornal ABC Color, Salazar chamou a atenção para o fato de que a água coletada permanece com a mesma coloração escura. “Notei algo raro. Fui à cozinha e busquei um frasco limpo. Guardei na geladeira e, hoje, trouxe à instituição para sua análise laboratorial”. “Em 24 horas teremos o resultado. Vamos ver se não detectamos algum mineral ou outro elemento estranho que dê margem a uma investigação mais profunda. No geral, restos de matéria orgânica flutuam, como as cinzas, mas isso sedimentou, impregnou-se no fundo do recipiente”, detalhou.
O dia foi de explicações, também, para os meteorologistas. Ao ABC Color, Benjamín Grassi apontou como principais causantes do fenômeno a poeira e os incêndios registrados devido à prolongada estiagem, bem como o crescente desmatamento e uma conjuntura anormal de fortes ventos.
“Os elementos causantes devem-se ao deterioramento ambiental, que continua crescendo. Estão dadas as condições para que isso volte a acontecer, talvez igual ou solapadamente. Para que volte a acontecer, é preciso a combinação de forte seca, queimadas e, logo depois, uma tempestade”, afirmou. “As mudanças climáticas vão nos mostrar muitas coisas novas em pouco tempo mais. Temos que conscientizar as pessoas e tratar de nos adaptarmos a esta realidade”, ponderou.
Emergência regionalO Mercosul é um dos únicos blocos regionais que não conta com um sistema integrado de emergências para caso de intempéries que atinjam vários países da região. Foi o que afirmou, nesta segunda-feira (06/04), o deputado paraguaio no Parlamento do Mercosul (Parlasul), Ricardo Canese.
“Em toda nossa região, no Mercosul, não existe uma coordenação de secretaria encarregada de emergência, é a única região da América Latina que não a tem”, declarou Canese, à agência pública IP Paraguay, após reunião com o secretário paraguaio de Emergência Nacional, Camilo Soares.
“Parece-nos que é fundamental criar laços de solidariedade justamente para os temas mais importantes, com a política de dar um rosto humano, um rosto social ao Mercosul, não somente aos negócios, mas às emergências onde quer que se sofra, seja inundações, tormentas ou secas”, complementou.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski,
SopaBrasiguaia.com, 07/04/2009)