Dezenas de organizações ambientalistas, universidades, empresas e governos assinaram nesta terça (07/04) o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, esforço que tem o objetivo de incentivar o uso econômico de áreas degradadas da floresta para tentar recuperar 15 milhões de hectares de sua vegetação até 2050. Hoje, restam apenas 7,26% da mata no país. Com a restauração pretendida, essa parcela saltaria para aproximadamente 30%.
“Nosso pensamento é todo baseado no econômico. Só assim nós vamos engajar milhares de produtores. Nós estamos trabalhando na lógica de serviços ambientais, água e carbono. Hoje está claro que existe um grande potencial de alavancar recursos de empresas que têm interesse de negócio na água, por exemplo”, defendeu o coordenador geral do Conselho de Coordenação do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Miguel Calmon.
Uma das intenções dos signatários do pacto é incentivar os proprietários de áreas degradadas da Mata Atlântica, e sem potencial econômico, a executar projetos de recuperação da vegetação que poderiam trazer retorno econômico.
“Foi a economia que destruiu e será a economia que fará restaurar. Os grandes protagonistas desse pacto são os proprietários rurais. 90% das propriedades da Mata Atlântica pertencem aos proprietários rurais. A gente precisa convencê-los a fazer a restauração. Atingir milhares e milhares de proprietários de forma efetiva para engajá-los na restauração é o desafio que nós temos do pacto”, ressaltou Calmon.
Durante dois anos, especialistas de algumas das principais organizações que atuam no bioma da Mata Atlântica fizeram um mapeamento que identificou a localização dos mais de 15 milhões de hectares de áreas degradadas potenciais para recuperação. A meta, no entanto, esbarra em fatores econômico-financeiros. Em valores atuais, a restauração de toda essa área custaria US$ 15 bilhões.
“Nós temos que criar a economia florestal da Mata Atlântica. Vamos ter de alavancar, mobilizar e captar recursos. Você tendo uma iniciativa que mostre resultado, com certeza você atrai o dinheiro. E não é dinheiro de doações, é investimento”, disse Calmon.
O pacto foi assinado por organizações não-governamentais como SOS Mata Atlântica, Care Brasil, Associação Mico Leão Dourado, TNH (The Nature Conservacy), WWF-Brasil; pelo governo federal, tendo como representante o Ministério do Meio Ambiente; pelos governos estaduais do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo; pela academia, com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e por empresas como a mineradora Vale.
(Por Bruno Bocchini,
Agência Brasil, 07/04/2009)