A “Tribuna Livre”, espaço recentemente criado pela Câmara de Vereadores para manifestação, em seu plenário, de qualquer munícipe, representante comunitário ou da sociedade organizada, foi ocupada na noite de hoje (06/04) pelo presidente da Associação de Moradores da Costa da Lagoa, o barqueiro Valdir Miguel de Andrade, que expôs aos legisladores a preocupação dos 1.600 moradores do lugar quanto a uma série de limitações que o Plano Diretor Participativo criará para seu dia-a-dia e seu futuro. A manifestação foi resultado de requerimento do vereador Dalmo Menezes (PP). Valdir foi aplaudido após seu pronunciamento.
A revolta maior está na impossibilidade de moradores de algumas áreas de preservação aumentarem sua área construída, tanto residencial como de pequenos empreendimentos, como restaurantes e de construção e reforma de barcos. Há também o risco de casas serem demolidas por ocuparem faixas de marinha, mesmo estando no local há mais de 250 anos. A mesma ameaça recai quanto a trapiches e decks.
À acusação de que a poluição das águas da Lagoa da Conceição na área da Costa da Lagoa decorre do excesso de moradores, a entidade responde que ela é resultado da falta de sistema de coleta de esgotos, que está inconcluso. A proposta da entidade é que se utilize o conceito de compensações, cedendo e conquistado espaços, trocando área de preservação limitada, onde moram dezenas de famílias há mais de 250 anos, por outras que permitam construir ordenadamente.
Valdinei de Andrade, filho de Valdir e secretário da associação, relatou que na Costa da Lagoa há 14 restaurantes que empregam 200 pessoas, 300 moradores que vivem diretamente da pesca, outros 300 que se dedicam à construção, reforma e manutenção de casas, barcos e terrenos e que 100 famílias sustentam-se com as atividades das cooperativas Cooperbarco e Coopercosta. Juntas, as duas tem 100 associados e 100 barcos. “Tudo isso está ameaçado”, disse.
Outro importante argumento dos moradores é que a área aproximada da Costa é de 8,5 milhões de m2 e que o que a comunidade reivindica é de apenas 162,9 mil m2, o que corresponde a menos de 2% do total. “Isso nada altera as principais características urbanísticas e ambientais”, afirmou o líder comunitário.
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Ascom Câmara Municipal de Florianópolis, 06/04/2009)