O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul abriu um inquérito para investigar se houve ajuda financeira de políticos locais na invasão da sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados (MS). Em janeiro, cerca de 60 índios das etnias guarani, caiuá e terena invadiram o prédio da entidade para pedir a substituição da administradora por um índio a ser indicado por eles.
A Procuradoria suspeita da participação de políticos ligados ao setor ruralista, contrários às demarcações de áreas indígenas no Estado. De acordo com investigações da Polícia Federal, houve fornecimento de 120 refeições do tipo "marmitex" aos índios por políticos. Índios que participaram da invasão confirmaram o recebimento de auxílio financeiro para compra de alimentos durante a manifestação, afirma o Ministério Público.
Além da participação de políticos, a investigação também vai apurar os danos ao patrimônio público ocasionados pela invasão. A polícia apontou que durante a manifestação houve a deterioração de 405 cestas de alimentos e a completa paralisação das atividades administrativas da Funai.
Uma das queixas dos índios, na ocasião do protesto, foi justamente uma suposta morosidade na entrega de cestas de alimentos às aldeias. Segundo os índios, parte da comida estraga nos depósitos do órgão federal. A Funai nega problemas na distribuição das cestas.
DemarcaçãoOs estudos antropológicos da Funai para delimitar a área indígena na região começou no ano passado. Os estudos são fruto de termo de ajustamento de conduta celebrado entre a Funai e o Ministério Público em novembro de 2007.
A demarcação e a possível decisão pela saída de não índios da área indígena, como aconteceu na reserva Raposa/Serra do Sol (RR), tem acirrado a disputa na região. Segundo levantamento do Ministério Público, existem 87 processos tramitando no TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) sobre esta questão, em grau de recurso.
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Folha Online, 06/04/2009)