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parque nacional do iguaçu sistema nacional de ucs plano de manejo
2009-04-06
Saiu na imprensa na terça passada (31/03) que táxis e vans de turismo estão proibidos de entrar no Parque Nacional do Iguaçu. Segundo o material elaborado e assinado por minha colega Fabiula Wurmeister da Gazeta do Povo em Foz, "a restrição prevista no Plano de manejo da Unidade desde 1999 só passou a ser respeitada após a morte do animal". Mais adiante, a matéria lembra que "além do Plano de Manejo, o contrato de Concessão para exploração do Hotel das Cataratas, dentro da reserva, também prevê, entre outros, que o transporte de funcionários e hóspedes seja feito com ônibus semelhantes aos que levam turistas às Cataratas".

Mais adiante ainda a matéria lembra que a data para a efetivação da medida seria 1° de abril de 2009. A partir daqui segue algumas coisas que questiono. O Plano de Manejo previu sim um meio de transporte único para o interior do Parque Nacional do Iguaçu - quer dizer, não todo o PNI só o trecho da BR 469 entre o portão de entrada e o Porto Canoas.

1) Se o Plano de manejo é quem manda no Parque Nacional do Iguaçu, como foi possível conceder o Hotel das Cataratas, quando o Plano de Manejo é contrário a existência de um hotel no Parque Nacional do Iguaçu, não ofereceu ou oferece ideia nenhuma do que fazer com o hotel, limitando-se apenas a dizer que a cidade (Foz do Iguaçu) é bem servida de hotéis?

2) Simples: o transporte de hóspedes e funcionários do Hotel das Cataratas que deve ser feito pelo Hotel em ônibus similares aos que levam turistas, graças ao contrato de concessão, não é previsto no Plano de Manejo. A concessão em si não era prevista. Tal transporte do hotel seria "mais um" meio de transporte além do "transporte único". Como aconteceu isso?

3) A morte da onça acontece quatro dias antes da data de vigência da proibição de veículos ligadas à operação do transporte do contrato de concessão e acontece, para o azar ainda não sei de quem, quando o chefe da unidade, Jorge Pegoraro, está viajando.

4) Há muita coisa que o Plano de Manejo não prevê e que se está fazendo no interior da Unidade. Exemplos: o Plano de Manejo não prevê a existência de "Luaus nas Cataratas". Prevê sim passeios em noites de lua cheia limitados a cinco grupos de vinte pessoas por noite. Quem autorizou os luaus?

5) O Plano de Manejo não previu ou prevê a existência de rafting, rappel ou canyoning no cânion do rio Iguaçu. Escaladas eram previstas para a AD Macuco no Salto do Macuco próximo à Caverna ou Gruta ou algo mais do Morcego. Quem mudou? Como?

6) O Plano de Manejo pede / sugere uma pesquisa entre os dois parques nacionais (Iguaçu/Iguazú) para saber se o passeio do Macuco deve ser proibido na piracema. A pesquisa nunca foi feita. Por que não se fala sobre isso? Será o Macuco uma boa concessão?

7) Houve uma licitação feita pelo Ibama para a construção de um heliporto próximo à Garganta do Diabo, ou mais exatamente ao lado do Restaurante Porto Canoas. A licitação foi ganha. O heliporto foi construído. E isso violando uma Declaração Conjunta presidencial (Brasil/Argentina) e o posicionamento contrário do Plano de Manejo. Como foi possível fazer tal licitação? Que milagre foi feito? O heliporto foi parado, mesmo com licitação, após denúncia (infelizmente minha).

8) Desde que entrou em vigor o Plano de Manejo deveria ter sido vedada a entrada de veículos e especialmente ônibus. Hoje, em feriados como o que vai vir agora no final de semana, Páscoa, chegam grandes quantidades de ônibus. E, infelizmente, todos entram, como mostra a foto acima que tirei na semana Santa de 2008 (leia texto que escrevi no dia) Isso acontece porque os ônibus da concessionária não têm capacidade de transportar todo mundo. O Parque Nacional do Iguaçu, o turismo, a comunidade, de Foz e do entorno, têm que achar o que Plano de Manejo sugere, ordena, instrui: alternativas para as atividades do entorno. É isso que peço há muitos anos.

9) Já chamei a atenção para esta questão antes. O Plano de Manejo que foi feito sob uma visão de ecoturismo definiu, até que houvesse novas pesquisas, o número de visitantes do Parque Nacional do Iguaçu (ou seja das Cataratas do Iguaçu) como sendo equivalente à capacidade de transportes dos ônibus da concessionária Cataratas do Iguaçu S.A. Interpretando posso dizer que a concessionária tem oito ônibus cada um transportando, digamos 60 passageiros (pode ser 70). Dez viagens leva 600 passageiros. Se não me falha a matemática, 100 viagens levaria 6.000. Essa seria a capacidade dos ônibus se pudessem fazer 100 viagens.

No lado argentino onde o mesmo modelo foi adotado, o transporte é um trenzinho enganosamente chamado "Tren de la Selva". O comboio leva de uma vez 350 passeiros. Dez viagens transportaria 3.500 passageiros. Cem viagens significaria 35.000. Esses números não estão disponíveis. Por isso cogito. Uma vez, em uma reunião especializada chegou-se a um número de 600 e poucos mil turistas por ano como a capacidade de transportes da Cataratas S.A. Então se o Plano de Manejo aponta para uma redução do número de visitantes às Cataratas, por que todos os anos, a direção do Parque celebra o aumento de visitantes junto com o trade? Quem está se enganando?

10) Tem mais: há um empurra-empurra de um monte de coisas. O mais novo ator na novela das concessões do Parque Nacional do Iguaçu é o Hotel das Cataratas sob a bandeira da Orient Express. Muitas das "sugestões" do Plano de Manejo que deveriam ter acontecido desde 1999, pelo que se deu a entender, pela única Concessionária prevista, foi passada para a Orient Express. Entre outras: a construção de uma a ciclovia e o "enterramento" da linha de alta tensão da Copel. Para as costas da Orient Express foi empurrada a Pesquisa sobre as Onças ligadas ao Projeto Carnívoros ou seja lá qual for o nome adotado hoje (veja matéria / anúncio da Pesquisa pela Orient Express).

Penúltima coisa: o Plano de Manejo pede? Ordena? Sugere? O que faz o Plano de Manejo. Pelo que vi, depende. Se o pessoal do PNI erra, dizem: o Plano de Manejo só sugere. Se quem erra é o cidadão, o discurso muda: O Plano de Manejo ordena!

Última coisa: estou dizendo tudo isso na esperança de que a morte da onça nos ajude a fazer um turismo de qualidade onde o trade possa oferecer seus serviços com regras claras e imparciais.

(Por Jackson Lima, Blog de Foz / Sopa Brasiguaia, 05/04/2009)

* Jackson Lima é jornalista

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