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MPX grupo ebx/eike batista parques eólicos
2009-04-06
Maior investidora em projetos de geração a carvão no Brasil, com três térmicas em construção no seu portfólio e um plano de negócios que já identificou quase 9 mil megawatts (MW) a serem gerados, a MPX também quer gerar energia limpa. A companhia, braço de energia do grupo comandado por Eike Batista, tem planos de participar do próximo leilão de energias renováveis, ainda sem data marcada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) oferecendo energia eólica a ser instalada no porto do Açú, em São João da Barra (RJ). A iniciativa ainda depende do preço-teto que for estabelecido pela EPE.

Se for adiante, o projeto de energia eólica não será o único do porto do Açu. Pelo menos assim espera o presidente da MPX, Eduardo Karrer. Ele explica que a empresa vai tentar oferecer nos próximos leilões de compra de energia para o mercado regulado energia proveniente de gás e carvão no local, aproveitando inclusive a infraestrutura de gasodutos existentes próximo à área.

"O porto do Açu pode se tornar um polo de geração de energia multifonte, seja a gás, carvão, vento ou solar. É um projeto estruturante do ponto de vista elétrico brasileiro, tanto pelo tamanho quanto pelo local. E é muito importante para o Sudeste nos próximos 10 a 15 anos dada a necessidade de diversificação da matriz elétrica", afirma Karrer.

Ele lembra que a proximidade da malha de gasodutos da Petrobras interligando a produção de gás do Rio, São Paulo e Espírito Santo e ainda o terminal de GNL da estatal farão com a região se equipare ao Golfo do México americano em termos de diversificação de fontes de suprimento desse combustível.

A MPX já obteve licença prévia para construir uma térmica a carvão com capacidade de gerar 2.100 MW no porto do Açu e tem planos de gerar outros 3.300 MW através de térmicas a gás. Mas esses projetos ainda estão em fase de estruturação, à espera de preços e condições que permitam levar os projetos adiante. É o caso de um projeto de 600 MW usando carvão da mina Seival, no Sul.

O que já está de pé são as obras para construção das térmicas de Pecém (módulo 1 com a EDP e o II sozinha) e de Itaqui, no Ceará e Maranhão respectivamente. Uma das usinas do Ceará tem a EDP Energias do Brasil como sócia e vai gerar 720 MW através de duas máquinas de 360 MW cada. A energia já está vendida para o pool de distribuidoras e começará a ser entregue em 2012. A segunda usina, chamada Pecém 2 e totalmente controlada pela MPX, vai gerar 360 MW e ficará pronta em 2013.

A MPX já tem mil funcionários trabalhando no Ceará e outros 150 no Maranhão. Durante o pico das obras, previsto para 2010, serão 3 mil homens em Pecém e 1.500 em Itaqui. Assim como todas as empresas controladas pela EBX de Batista, a MPX tem planos de integrar sua atividade de geração com logística e suprimento de combustíveis. A empresa explora duas áreas na Colômbia - La Guajira e Cesar - com possibilidades de encontrar depósitos de carvão que poderá se tornar supridora das térmicas no Brasil. E a OGX, braço de petróleo e gás, explora blocos com grande potencial na Bacia de Campos.

Ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia no governo Fernando Henrique Cardoso, Xisto Vieira Filho, diretor de comercialização e regulação da MPX, defende a utilização do carvão como combustível dizendo que o insumo é essencial para a ampliação da matriz energética brasileira, justificados para salvar a água dos reservatórios. "Vamos usar carvão com alto poder calorífero e com baixos teores de enxofre e de cinzas", frisa Vieira, lembrando que do investimento programado 30% serão destinados ao sistema de controle de emissões de óxidos de enxofre e de nitrogênio (NOX e SOX) e materiais particulados. "Vamos construir no Brasil hoje o que será construído nos Estados Unidos no futuro", frisa Vieira.

A MPX tem R$ 1,8 bilhão em caixa e acaba de ter aprovado pedido de empréstimo de R$ 1,3 bilhão no BNDES para Pecém I e R$ 700 milhões para Itaqui. Também obteve um financiamento direto de US$ 197 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que está estruturando junto a bancos privados empréstimos indiretos de até US$ 314 milhões para a companhia. O programa de investimentos soma aproximadamente R$ 4 bilhões, sendo R$ 1 bilhão em recursos próprios.

(Por Cláudia Schüffner, Valor Econômico, 06/04/2009)

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