José Fernando Verani afirma que a vacina é a maneira faz eficaz para acabar com a doença
José Fernando Verani, pesquisador titular do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública Sergio Arouca, uma das unidades técnico-científicas da Fundação Oswaldo Cruz
Zero Hora - Os casos de febre amarela no Rio Grande do Sul, ou em outros Estados, como em São Paulo, já podem ser considerado epidemia?
José Fernando Verani - A população sempre fica alarmada com algo novo que atinge os que moram próximos dela. A boa notícia é que a febre amarela não se caracteriza como epidemia há muitas décadas no país. Há anos, o vírus da doença é silvestre e, por isso, só vai transmitir a doença a quem entrar em matas fechadas de locais de risco sem a vacina. Ou seja, é pedir para ficar doente.
ZH - Existe a possibilidade de se exterminar o vírus? O Rio Grande do Sul ficou 43 anos sem registrar mortes por febre amarela e agora o vírus retorna e já faz seis vítimas...
Verani - O Brasil teve vastas epidemias de febre amarela urbana no início do século passado, principalmente no Rio de Janeiro, que era a capital naquela época. Mas todas foram erradicadas, porque acabaram sendo empurradas para o meio das florestas, afastando-se, aos poucos, do contato humano. Na verdade, o vírus sempre permaneceu ali, escondido nas matas, nunca foi exterminado. Quando volta a se alastrar, como acontece hoje no Rio Grande do Sul, as pessoas tentam entender como isso aconteceu de repente e e quem poderia ter reintroduzido o vírus no Estado. Mas não. O que acontece agora é que o vírus aumentou por ter encontrado mais bugios e pessoas suscetíveis a hospedá-lo em seu corpo. É o ambiente que o vírus precisa para se reproduzir. E assim como essa colônia de vírus aumenta, ela também pode se reverter, à medida que os casos vão sendo monitorados e controlados pelos órgãos de saúde.
ZH - Como as pessoas devem se comportar quando isso acontece? Tanto aquelas que moram em áreas de risco, como aquelas que estão longe dessas regiões?
Verani - Em primeiro lugar, elas não têm que se preocupar. Nós, brasileiros, temos uma arma muito eficaz contra a febre amarela: a vacina é, hoje, a única forma de prevenir a doença. A dose criada e produzida no Brasil pode ser considerada a mais eficaz do mundo, tanto que a exportamos a vários países do mundo.
(Zero Hora, 02/04/2009)