O ex-presidente cubano Fidel Castro disse que a mudança climática é mais grave do que a crise econômica internacional, em uma das duas colunas de sua série "Reflexões", publicada hoje nos jornais cubanos, todos oficiais.
"A crise financeira não é o único problema, há outro pior porque tem a ver não com o modo de produção e distribuição, mas com a própria existência. Me refiro à mudança climática. Ambos (...) serão discutidos simultaneamente", diz o ainda primeiro-secretário do Partido Comunista - legenda única no poder há 50 anos.
Sobre o Grupo dos Vinte (G20, os países mais ricos e os principais emergentes), Fidel recorre a termos esportivos para dizer que a reunião de Londres é "o clássico entre as maiores economias do mundo, as mais desenvolvidas e as que estão por se desenvolver", e acrescenta que 'as regras do jogo não estão muito claras'.
"Veremos o que se discute e como se discute. Estará elaborada já e aprovada de antemão uma declaração final? Talvez sim, talvez não. De todas as formas, será muito interessante conhecer, no meio de tanta diplomacia, que posições adotará cada um. De um modo ou de outro, não haverá segredo possível", afirma Fidel Castro.
O ex-governante de 82 anos afirma que há muita informação que revela que "a regulação do sistema financeiro internacional se transformou em um ponto de atrito entre Londres e Washington, por um lado, e Paris pelo outro".
Sobre a mudança climática, lembra que na reunião de Bonn, na Alemanha, que começará no domingo (5), os Estados Unidos anunciarão uma nova posição e que o presidente americano, Barack Obama, convocou um fórum sobre energia e clima para o fim de mês.
Segundo ele, "existem fortes contradições sobre a contribuição que devem ter para as economias", e "se discutem os limites do dióxido de carbono que devem lançar à atmosfera os diferentes países do mundo, um gás que ameaça liquidar as condições de vida do planeta".
(Folha Online,
AmbienteBrasil, 02/04/2009)