A cidade alemã de Bonn está sediando a primeira das três reuniões que antecederão a grande conferência do clima em dezembro em Copenhague, que vai definir um novo protocolo climático para substituir o de Quioto em 2012. As autoridades climáticas de todo o mundo estão aproveitando a oportunidade para debater os mais diversos temas e tentar chegar a um consenso sobre uma variedade enorme de propostas. Um dos tópicos levantados e mais discutidos nos últimos dias é a inclusão ou não de um novo grupo de gases na legislação de redução de emissões.
“Queremos mandar um recado para as indústrias químicas, para que elas achem substitutos ou ao menos garantam que esses gases nunca escapem para a atmosfera”, disse um dos representantes da França, Brice Lalonde.
Entre os novos químicos que correm o risco de serem abolidos ou restringidos estão tipos de hidrofluorcarbonos (HFC), perfluorcarbonos (PFC) e éteres fluorados. A maioria desses gases ainda não está presente em nenhuma grande cadeia ou produtos, mas é justamente evitar a dependência deles que desejam os especialistas.
“A hora de agir é agora, antes que esses gases façam parte indispensável da nossa economia”, afirmou Lalonde.
De todos os novos gases, o único que já é amplamente utilizado é o trifluoreto de nitrogênio (NF3), que é um componente padrão dos computadores e televisores de LCD com tela plana.
O NF3 é cerca de 17 mil vezes mais prejudicial para o efeito estufa que o dióxido de carbono (CO2). Já em 2010, a produção mundial do gás deve alcançar oito mil toneladas por ano, o equivalente a 130 milhões de toneladas de CO2, de acordo com um estudo do Geophysical Research Letters.
“A questão é manter todos esses gases sob controle, mesmo se hoje eles não respondam por nem um por cento do aquecimento global”, disse o representante suíço Jose Romero.
IntercâmbioJá em seu quarto dia, o encontro de Bonn vem trazendo inúmeros questionamentos e declarações importantes dos países participantes. Destaque para a postura firme da China, que afirmou que os países desenvolvidos têm que se comprometer de maneira ‘definitiva e contundente’ com a redução de emissões.
Segundo Su Wei, chefe da delegação chinesa, durante os últimos dois séculos, países ricos emitiram toneladas e toneladas de gases do efeito estufa e agora são os pobres as maiores vítimas das mudanças climáticas. “A ONU já notificou as nações desenvolvidas para que tomem iniciativas, mas na última década muito pouco foi feito”, afirmou.
Para o chinês, o sucesso da conferência em Copenhague depende da verdadeira intenção dos países ricos em transferir ou não tecnologias e fundos para as causas ambientais e energéticas das nações em desenvolvimento.
Segundo Wei, é fundamental a discussão, já em Bonn, de três mecanismos internacionais para auxiliar o combate ao aquecimento global:
“Primeiro devemos estabelecer um mecanismo internacional para o desenvolvimento e transferência de tecnologias limpas, eliminado assim barreiras e as tornando acessíveis para os mais pobres”.
“Em segundo lugar, deveríamos criar um sistema de financiamento para garantir que os países pobres tenham como combater suas próprias emissões”.
“Finalmente, uma ferramenta de monitoramento teria que ser criada para observar esses mecanismos de transferência de tecnologia e de financiamento”, concluiu Wei.
(Por Fabiano Ávila,
CarbonoBrasil, 02/04/2009)