A Petrobras não está cumprindo a rota estipulada para descarregar o material retirado do fundo da baía do porto, em Barra do Riacho. Como resultado, denunciam os pescadores, mais de 30 redes já foram destruídas e a área de pesca de camarão rosa vem sendo impactada diariamente. As obras da Petrobras são ligadas ao plano de expansão do Portocel.
“Estão dragando a bacia do porto, mas na hora de despejar o material no bota-fora não seguem a rota estipulada nem as coordenadas do próprio bota-fora. Já reclamamos e eles dizem que o problema não é causado por eles”, ressaltou o presidente da Associação de Pescadores da Barra do Riacho, Vicente Buteri.
Das trinta redes destruídas, os pescadores cobraram seis das empresas para garantir o pescado imediato, mas o pedido não foi atendido. Segundo eles, ninguém assume a destruição das redes nem o despejo do material da dragagem em área de pesca de camarão rosa. “Eles jogam o problema para a empresa que presta o serviço, e esta por sua vez nega também. Ninguém assume nada”, disse o pescador.
Na região, o sentimento dos pescadores é de indignação. Há ainda a preocupação com o risco de acidente. A informação é que ao desobedecer a rota, as embarcações contratadas pelas empresas passam em uma área onde cerca de 20 embarcações de pescadores da região trabalham.
Neste contexto, a ameaça dos pescadores é de parar novamente as obras da Petrobras, como já ocorreu em fevereiro deste ano. Na ocasião, a comunidade afirmava que os portos e as indústrias estavam destruindo a região e deixando a comunidade desassistida.
“Estão prejudicando a gente em todos os sentidos. Saímos para o mar e é barcaça de um lado, problemas pra sair com a boca do rio devido ao Portocel e às dragagens da Petrobras. Não temos pra onde correr, estamos sendo esmagados”, ressaltou Buteri, que pesca há vinte anos na região.Uma carta relatando o problema à empresa também foi feita, mas nada se fez até o momento.
Prejudicados há mais de 10 anos pelo assoreamento causado pelo Portocel, os pescadores da região acompanham de perto todo o empreendimento instalado na região. As obras da Petrobras fazem parte do Plano de Antecipação da Produção de Gás no Governo Federal (Plangás) e que custará R$ 500 milhões.
Além do píer para atracação de navios com capacidade para transportar até 60 mil toneladas de GLP ou gasolina natural, também faz parte do investimento a construção de três tanques refrigerados e outros três tanques para armazenar a gasolina natural. A previsão é que as obras sejam concluídas no final de 2009.
Para isso, a Petrobras teria que desenvolver um Programa de Monitoramento Socioeconômico dos impactos à infra-estrutura social e de serviços das comunidades, e desenvolver o Projeto Mosaico, voltado para a geração de trabalho e renda, bem como o monitoramento das tartarugas marinhas. Entretanto, a comunidade afirma não ter visto nenhum resultado dos projetos até o momento.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 02/04/2009)