A crise mundial está deixando o discurso de um desenvolvimento sustentável um pouco congelado. Isso porque o discurso de geração de empregos fala mais alto. Com isso, a Vale sai na frente mais uma vez, reafirmando a construção de sua oitava usina até 2011 atropelando a decisão de que não seriam construídas mais pelotizadoras em Tubarão.
A informação é dos ambientalistas. Eles denunciam que a área está saturada. Afirmam que, com a construção de sua oitava usina, a Vale, que já possui sete pelotizadoras na região, deverá elevar sua produção para 39 milhões de toneladas de pelotas de minério ano, sem sequer solucionar os problemas gerados até o momento.
Ressaltam que até esta terça-feira (31) a tela chamada de Wind Fender, prometida à sociedade e ao próprio Ministério Público Estadual (MPE), através de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), não foi instalada. A promessa está atrasada em 17 meses. Isso sem contar o primeiro TAC assinado em 1999 e que nunca foi cumprido.
Atualmente a mineradora produz 27 milhões de toneladas de minério por ano e, além de sua oitava usina, pretende também instalar uma nova siderúrgica em Anchieta, onde já tentou parceria com a Baosteel, sem sucesso, devido aos inúmeros impactos previstos para o balneário turístico.
Segundo a investigação feita pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em 2002, 90% do pó preto que polui as ilhas do Frade e do Boi, em Vitória, por exemplo, vêm das operações com pelotas de minério da antiga CVRD.
Agora, com o anúncio de criação de novos empregos para a construção de sua oitava usina, além de contradizer a atual postura de redução de salários dos empregados, a companhia insiste na ampliação de seus negócios, em detrimento dos impactos previstos.
Neste contexto, a estratégia por trás dos novos postos de trabalho é contraditória, já que a Vale foi a principal companhia brasileira a liderar o movimento para a redução dos salários de seus empregados, embora seu desempenho financeiro continue satisfatório, somando ao final de 2008 um lucro de R$ 21,2 bilhões.
A 8ª. usina de pelotização da Vale será a maior unidade do chamado Complexo de Tubarão, e uma das maiores usinas deste tipo no mundo. Nas suas sete usinas, a CVRD produziu 27,8 milhões de toneladas de pelotas de ferro em 2005.
A CVRD pediu licença ambiental para construir a 8ª. usina ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Mas embutiu o aumento de produção das usinas I e VII, em 4,5 milhões de toneladas anuais, o que elevará a produção do Complexo de Tubarão em 11,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, totalizando uma produção de 39,3 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano nesta região.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 01/04/2009)