O povo Kaxarari, que vive na terra indígena Kaxarari, em Rondônia, próximo do limite com o Acre, protesta contra o descaso na assistência à saúde do povo. O protesto iniciou no dia 28 de março, durante a visita da equipe multidisciplinar de saúde indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) à área.
Os indígenas se manifestam contra a situação de isolamento e abandono em que se encontra o povo em relação à assistência à saúde. Faltam consultas, remédios, meios de comunicação (sistema de radiofonia), transporte, técnicos bem formados, entre outras necessidades.
Segundo os indígenas, a Funasa, por omissão, pratica violência contra os povos indígenas, pois, por exemplo, os pacientes com consultas marcadas na cidade, precisam pagar seu deslocamento e quando chegam na Casa de Assistência à Saúde Indígena (Casai), a equipe de atendimento está, geralmente, desarticulada em relação à consulta médica agendada. O paciente fica, portanto, sem definição do atendimento e sem possibilidade de retorno para suas comunidade. Após conseguir a consulta, os indígenas precisam comprar os remédios e a passagem de volta, pois a Funasa costuma alegar que não têm recursos.
Os povos indígenas de Rondônia se perguntam: “Até quando vamos continuar com esse descaso, sem a definição de políticas públicas para as comunidades indígenas que respeitem as suas especificidades?”
Este protesto dos Kaxarari responde à inoperância do trabalho de assistência à saúde indígena que a Funasa realiza em Rondônia e em todo o Brasil. Também responde ao descaso dos demais órgãos que prestam atendimento à questão indígena. A Fundação Nacional do Índio (Funai), por exemplo, ainda não definiu que coordenação é responsável pelo atendimento ao povo, se Rio Branco (Acre) ou Porto Velho (Rondônia).
Esta reação do povo Kaxarari se soma a tantas outras formas de repúdio manifestadas por outros povos indígenas do Brasil que, desde a invasão deste país, sofrem todo tipo de violência e discriminação.
(Conselho Indigenista Missionário,
Amazonia.org, 3103/2009)