Dois vulcões podem entrar em erupção numa província bastante populosa na República Democrática do Congo, onde anos de conflitos já forçaram 1 milhão de pessoas a deixar suas casas, disseram pesquisadores e agências de ajuda humanitária.
Cientistas de Goma, capital da província de fronteira Kivu do Norte, têm registrado nas últimas semanas altos níveis de atividades sísmicas, consideradas um sinal de alerta de erupção iminente, ao redor dos vulcões Nyiragongo e Nyamulagira.
"Há atividade intensa ao redor do Nyiragongo, mas está mais centrada no Nyamulagira, a cerca de 13 quilômetros de distância", disse à Reuters nesta segunda-feira Dieudonne Wafula, cientista chefe do Observatório de Vulcões de Goma.
O Nyiragongo, que está localizado no limite do território de Goma, entrou em erupção em 2002, liberando um rio de lava pela cidade que destruiu milhares de casas e matou dezenas de pessoas.
"Voluntários da Cruz Vermelha estão em alerta para ajudar a população, que ainda tem lembranças da erupção (de 2002)... que desalojou cerca de 400 mil pessoas", disse em um comunicado Zebe Kitabingo, chefe da divisão local da Cruz Vermelha congolesa.
O Congo ainda está lutando para dar fim a mais de uma década de conflitos entre soldados do governo, a milícia local Mai Mai e rebeldes que ainda estão em conflito, apesar do término oficial da guerra de 1998-2003.
O conflito desalojou cerca de 1 milhão de pessoas no Kivu do Norte desde 2006, e dezenas de milhares de refugiados foram para campos de segurança nos subúrbios de Goma, cidade com mais de 600 mil moradores.
Apesar da proximidade da cidade aos dois vulcões, Wafula disse que Goma não parece estar em risco, já que o nível de lava na cratera do Nyiragongo está relativamente baixo.
"É menos preocupante. Quanto mais alto for o nível de lava, maior é a probabilidade de uma erupção séria. O risco é enorme para as aldeias a oeste do vulcão de Nyamulagira", disse.
Exceto pelo perigo imediato do derramamento de lava, Wafula minimizou os perigos de cinzas carregadas pelo ar, as quais poderiam contaminar águas, envenenar criações de animais e prejudicar o tráfego aéreo.
(Por Joe Bavier,
AmbienteBrasil, 30/03/2009)