Brasília - Depois de bater sucessivos recordes de produção e receita em 2007 e 2008, a agricultura brasileira de grãos vai recuar este ano. Segundo o Ministério da Agricultura, a renda do produtor com a safra de arroz, feijão, milho, soja, trigo e outros grãos - responsável por movimentar a economia de cerca de 70% dos municípios brasileiros -, deve encolher R$ 13,8 bilhões em 2009, recuando para R$ 149,6 bilhões, uma queda de 8,4% em relação aos R$ 163,4 bilhões obtidos em 2008. Além de um menor volume de exportações, haverá menos dinheiro para a compra de máquinas e implementos e recursos mais escassos para investir na próxima safra ou saldar as dívidas com bancos e tradings. Café, milho e soja foram as culturas que mais influenciaram o resultado, já que representam 45,6% do valor da produção agrícola, e as mais fortemente afetadas pelo clima desfavorável, principalmente na Região Sul, e pela queda nos preços.
De acordo com a análise do ministério, divulgada em 9 de fevereiro, a estimativa para 2009 está muito próxima à de 2003, em que a renda foi de R$ 148,5 bilhões. Entre os vinte produtos analisados pela pasta ministerial, cinco apresentaram aumento de renda em relação ao ano passado, com destaque para amendoim (31,3%), laranja (13,6%) e arroz (12,7%), o que se deve à maior produção ou ao melhor preço, ou, ainda, à combinação dos dois fatores. Queda na safra - Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil deverá produzir na safra 2008/2009 5,9% menos que na safra 2007/2008. O IBGE estima a safra nacional de café a ser colhida em 2009, por exemplo, em 2,36 milhões de toneladas, contra 2,8 milhões de toneladas colhidas em 2008, numa queda de 15,9%.
Outro levantamento, feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), prevê que a produção de grãos na safra 2008/09, que está sendo colhida, deve cair 4,9%. A safra deve alcançar volume de 137 milhões de toneladas, em comparação com 144,1 milhões de toneladas do ciclo anterior. Segundo a Conab, o clima adverso é o principal fator da redução da safra nacional. Em contrapartida, a área plantada cresceu 0,2%, saindo de 47,42 milhões para 47,49 milhões de hectares. A Região Sul é a mais atingida pela quebra, de acordo com a Conab. Houve estiagem em alguns estados e excesso de chuva em outros, o que fez a estimativa de produção cair em 4,8%. As maiores perdas estão no Paraná. O milho da primeira safra paranaense apresenta quebra de 19%, ou 1,6 milhão de toneladas, enquanto a soja diminuiu 6,5%. Em Santa Catarina, o litoral sofreu com as chuvas e o oeste do estado, com a seca. No Centro-Oeste a queda é menor, cerca de 0,7%, o que equivale a uma redução de 332 mil toneladas da produção total de grãos em todo o país. A região deve colher agora 46,5 milhões de toneladas. As maiores perdas estão na soja (241 mil toneladas) e no milho de primeira safra (103 mil toneladas). Ainda segundo a Conab, a única região em que a estimativa de safra cresceu foi o Sudeste, 0,3% maior que o levantamento feito em dezembro.
(Agência Senado /
Digital ABC, 09/03/2009).