A potencial contaminação da água de poços domésticos é uma preocupação crescente nos EUA, considerando que 43 milhões de norte-americanos são consumidores desta fonte de água. Em 2008, o estado de Nova Jérsei publicou um detalhado estudo [Well Test Results for September 2002 - April 2007] que avaliou 2209 poços, constatando a contaminação radioativa, chamada no relatório “gross alpha particle activity.” A expressão “gross alpha” não se refere especificamente a um contaminante, mas a um grupo de elementos radioativos encontrados na água potável.
O conjunto de violações mais comuns, através da amostragem, demonstraram níveis elevados de arsênio ou arsênico, encontrado em 1445 poços; nitratos, encontrados em 399 poços; coliformes fecais ou E. coli, encontrados em 1136 poços; compostos orgânicos voláteis, encontrados em 702 poços e mercúrio, encontrado em 215 poços.
Agora, o U.S. Geological Survey, realizou um estudo [Quality of Water from Domestic Wells in the United States], por amostragem, avaliando 2100 poços domésticos em 48 estados norte-americanos, constatando a contaminação em 219 deles. Ou seja, potencialmente, 20% dos poços domésticos nos EUA podem estar contaminados, em níveis prejudiciais à saúde.
O estudo do USGS, nas áreas urbanas, identificou contaminação por arsênico e por radônio. Nas áreas rurais identificou a contaminação por nitratos, provavelmente decorrente da utilização intensiva de fertilizantes.
Se esta é a situação nos EUA, não é difícil de imaginar o tamanho da tragédia aqui no Brasil. A quase totalidade dos poços particulares é formalmente desconhecida dos órgãos públicos e ninguém realiza testes de controle de contaminação da água. Mesmo na água mineral natural engarrafada são freqüentes os casos de embargo de lotes por contaminação por coliformes fecais, principalmente, e metais pesados.
Existem incontáveis poços nas áreas de entorno de atividades industriais potencialmente poluentes ou em áreas agrícolas com aplicação maciça de agrotóxicos. Nossa situação, certamente, é muito mais trágica do que a norte-americana.
Para acessar à página do estudo do USGS, com acesso integral aos dados e gráficos, clique
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Henrique Cortez Weblog, 30/03/2009)