Campos Novos é o município pioneiro na técnica ainda polêmicaA colheita de milho começou há cerca de duas semanas no Meio-Oeste catarinense. Em Campos Novos, a safra deste ano é especial: contém os primeiros milhos geneticamente modifi cados no Estado. Dos cerca de 2,5 milhões de sacos colhidos pela Copercampos, 15% são transgênico. Apesar da maior resistência, as plantas não tiveram a produtividade esperada em função da estiagem, que ocorreu durante o florescimento e o preenchimento do grão. Mesmo assim, o produtor Cláudio Hartmann não se arrepende.
Ele garante que, se não tivesse adotado o milho modificado, o prejuízo seria maior. Nas áreas de refúgio, Hartmann encontrou não só a presença de três tipos de lagartas, que não atacam o transgênico, mas também a presença de grãos “ardidos” (contaminados por fungos). O produtor de Campos Novos foi o primeiro a implantar as variedades BT e RR no Estado. Em meados de setembro, fez o plantio em 160 hectares, dos quais 120 são destinados aos transgênicas.
Mesmo sendo mais caro, uso da semente compensa– Eu esperava colher 150 sacas por hectare, mas em função da falta de chuva, fiquei com 120. Mesmo com o prejuízo de cerca de R$ 180 por hectare, eu tive um ganho de 18% na produtividade por causa da resistência das plantas. Apesar de a semente ser mais cara, investir compensa. Os grãos saudáveis e bonitos são bem aceitos no mercado, o que é uma garantia de venda– disse Hartmann.
A transgenia trouxe outra vantagem: orgulho em ser pioneiro na adoção da técnica. Sobre as polêmicas em torno do assunto, ele disse que estudos comprovaram que não há efeitos no organismo humano.
– É uma satisfação quando entrego o milho e recebo descontos pela qualidade. E o fato de ser o pioneiro é uma surpresa muito agradável.
Além da falta de chuva, o aumento do custo de produção contribuiu para tornar esta safra a mais alta da história, de acordo com o diretor executivo da Copercampos, Clebi Renato Dias. Os insumos aumentaram de preço, assim como o transporte dos grãos.
(Por Francine Cadore,
Diário Catarinense, 30/03/2009)