Relatório da Agência Nacional de Águas (Ana) alerta para a poluição dos dois mananciaisResponsáveis pelo abastecimento de aproximadamente 2,6 milhões de habitantes da Região Metropolitana, os rios dos Sinos e Gravataí figuram entre os rios de pior qualidade do Brasil. Os dados analisados correspondem aos anos de 2006 e 2007 e se referem exclusivamente ao esgoto doméstico que não é tratado e ingressa diariamente naquelas águas.
Uma equipe técnica da Agência Nacional de Águas (Ana) apresentou quinta-feira o primeiro relatório oficial da qualidade das águas com dados fornecidos pelos próprios Estados. O objetivo é, a partir de agora, apresentar o levantamento anualmente, para servir de comparação. Além de apresentar um diagnóstico, o relatório poderá servir como incentivo para projetos de recuperação destes rios.
– Apesar da notícia ser ruim, eu vejo com bons olhos porque significa que o governo federal está sabendo da situação – considera Silvio Klein, presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos).
Klein rebate os dados divulgados dizendo que muita coisa mudou desde 2006, ocasião da mortandade de 86 toneladas de peixes do Sinos. A própria natureza, segundo ele, favoreceu o rio com mais períodos de chuva, fiscalizações de autoridades e o comprometimento de prefeituras que iniciaram obras de redes de coletas de esgoto.
O presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, Maurício Colombo, avisa: lá o diagnóstico permanece o mesmo. Segundo Colombo, a sociedade ainda não está consciente da necessidade de preservar os recursos hídricos. Ele avalia a situação do Rio Gravataí como extremamente grave.
– A bacia do Sinos tomou uma medida pró-ativa de buscar recursos após a mortandade dos peixes. No Rio Gravataí, a situação é a mesma. Apesar de todo o esforço do comitê em buscar soluções e medidas preventivas, o eco que se tem dentro da sociedade ainda é muito pequeno – considera.
O problema apontado, no entanto, é exclusivo do não tratamento do esgoto, avisa o especialista em recursos hídricos da Ana, Alexandre Lima Teixeira. Ele destaca ainda que são problemas pontuais que cercam Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas, cidades de maior concentração de pessoas.
– O que mudou de 2006 para cá, porém, não tivemos condições de mapear – considera.
De acordo com o superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da Ana, João Conejo, o ponto positivo é que as situações são reversíveis.
– O caso é que, apesar de haver algum tratamento do esgoto despejado nessas águas, não é uma prática universal. Seria necessário muito mais investimento – afirma.
(Zero Hora, 28/03/2009)