O PCB é considerado um desregulador endócrino, ou seja, tem substâncias químicas que alteram o mecanismo de regulação do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas. O urologista Jorge Hallak, pesquisador da USP e que estuda o impacto do PCB e de outros poluentes na fertilidade humana, diz que esse composto provoca alteração no DNA dos espermatozoides, levando a infertilidade masculina.
"Além da poluição atmosférica, inalamos muita poluição veicular. Nossa gasolina é muito ruim. Os dados sobre o impacto desses poluentes na saúde humana são alarmantes. Há fortes evidências de que a exposição intrauterina a eles seja um fator de risco para câncer no futuro", alerta o médico. Para ele, o país precisa agir rapidamente e com rigor na eliminação desses compostos. "Temos estoque de PCB para 30, 40 anos."
Na opinião da biomédica Gerusa Gibson, pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o estudo é mais uma forte evidência que ratifica o comprometimento da saúde humana em virtude da intensa poluição ambiental. "Embora tenham atualmente seu uso restrito, esses compostos continuam presentes em instalações antigas. As dificuldades com a desativação e a destruição desses produtos ainda causam problemas de contaminação ambiental e humana."
Segundo ela, a exposição --mesmo a baixo níveis-- aos desreguladores endócrinos pode chegar a altas taxas de concentração no corpo de animais, em virtude da capacidade de bioacumulação. "Os animais que se encontram no topo da cadeia alimentar [carnívoros] sempre apresentam concentrações superiores àqueles do início da cadeia [herbívoros]."
Essa exposição a esses poluentes vem se intensificando desde o século passado, diz Gibson. "O ambiente vem sendo o grande 'receptor'."
(Por Cláudia Collucci,
Folha Online, 26/03/2009)