Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) brasileiro e de movimentos populares do Paraguai uniram-se na manhã desta quinta (26/03), no meio da Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, para um manifesto pela soberania energética e pela reforma agrária nos dois países. O trânsito no local ficou interrompido por cerca de uma hora e meia. A Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal acompanharam a manifestação, que foi realizada de forma pacífica.
"É um momento histórico de integração dos povos", disse um dos líderes do MST no oeste do Paraná, Nildemar da Silva. O grupo brasileiro saiu de Foz do Iguaçu em uma marcha de 5 quilômetros e postou-se no meio da ponte. Do outro lado, integrantes do Conselho Nacional de Organizações Populares, Movimento dos Sem-Teto do Paraguai e Frente Social Popular também fizeram caminhada semelhante.
Ao se encontrarem na ponte, os manifestantes cantaram os hinos dos dois países, fizeram a troca de bandeiras e os líderes discursaram. "Com essa crise no mundo inteiro, a saída é a justiça no uso da energia e a reforma agrária", afirmou Silva.
O líder não quis entrar na discussão sobre o pedido paraguaio pela revisão do Tratado de Itaipu - assinado em 1973 e no qual o Paraguai se obrigou a vender o excedente energético ao Brasil até 2023. ."O que queremos é a soberania popular energética", ressaltou. "A energia tem de estar a serviço dos trabalhadores, da grande massa que fica desassistida."
Momento oportunoDe acordo com o líder do MST, o Paraguai está vivendo um momento oportuno para que seja feita a reforma agrária. "É justo que seja feita a reforma agrária e é preciso pressionar para que o governo faça", argumentou. "As oligarquias brasileira e paraguaia roubaram a população."
A manifestação teve também como objetivo sensibilizar as pessoas que participam, em Foz do Iguaçu, do seminário Crise - Desafios e Soluções na América do Sul, promovido pelo governo do Paraná. "Colocamos a preocupação e queremos uma solução, é um bom programa para se discutir", propôs o líder sem-terra.
(Por Evandro Fadel,
Estado de S. Paulo, 27/03/2009)