A cúpula do G20 na semana que vem será um teste sobre a determinação das grandes economias mundiais para combater a mudança climática, após terem gasto trilhões de dólares em pacotes de resgate a bancos e em apoio à economia global.
O encontro de 2 de abril em Londres entre os líderes dos principais países desenvolvidos e emergentes tem como objetivo combater a crise financeira.
O primeiro-ministro britânico e anfitrião do evento, Gordon Brown, também quer coordenar investimentos para uma resposta global à mudança climática.
Se a reunião de cúpula não conseguir ampliar sua agenda para incluir investimentos ambientais isso seria percebido, na melhor das hipóteses, como uma chance desperdiçada e, na pior delas, uma evidência do entusiasmo cada vez menor para aprovar ainda este ano um ambicioso pacto que substitua o Protocolo de Kyoto após 2012.
"Precisamos de um sinal muito claro de que o G20 vê isso como algo maior do que apenas resolver uma crise financeira", disse Achim Steiner, diretor-executivo do Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Quando você vê 100 bilhões de dólares sendo destinados para o resgate de uma ou duas empresas, é preciso se perguntar se essa é a forma mais racional de lidar com uma ameaça (climática) que terá consequências econômicas muito maiores e sofrimento humano."
A reunião de Londres coincide, na semana que vem, com a retomada das negociações sobre o clima mediadas pela ONU em Bonn, na Alemanha, propostas para estabelecer as bases para um novo tratado sobre o clima numa reunião em Copenhague, em dezembro.
As potências mundiais do G20 poderão confirmar na próxima quinta-feira a sua determinação em chegar a um novo tratado sobre o clima em Copenhague, além de instar por gastos onde for possível em um plano de estímulo global de 2 a 3 trilhões de dólares para causas "verdes", dizem analistas.
Estados Unidos, União Europeia, China e Coreia do Sul têm conduzido planos de investimentos ambientais de 300 bilhões a 500 bilhões de dólares, ou cerca de 15 por cento dos planos de estímulo econômico gerais, para desenvolver tecnologias com baixo uso de carbono, melhorar a eficiência energética e proteger o ambiente.
Boa parte do valor será gasto nos próximos dois anos.
Alguns analistas e grupos ambientais argumentam que isso não é suficiente, ponderam que os gastos com o clima no futuro serão cortados pela crescente dívida pública e preocupam-se que alguns dos projetos planejados, como construção de estradas, vão significar emissões de carbono no futuro.
Defensores do meio ambiente dizem que projetos de infraestrutura para construir parques eólicos e aperfeiçoar a eficiência das casas criarão empregos e combaterão ameaças pós-recessão, incluindo segurança energética e mudança climática.
(Estadão Online,
AmbienteBrasil, 26/03/2009)