Os fabricantes de aquecedores solares já vinham entusiasmados com a possibilidade de aumento das vendas desde junho do ano passado, quando a prefeitura de São Paulo sancionou a obrigatoriedade de uso dos equipamentos em imóveis novos. Agora, com o pacote da habitação, que exige a instalação dos aquecedores, ganharam também o incentivo direto do governo federal, mesmo que a colocação dos aparelhos nas novas moradias ainda deva demorar entre um e dois anos.
Mas, independentemente do tempo de maturação dos projetos, o incremento na demanda é dado como certo. Luis Augusto Ferrari Mazzon, presidente da Soletrol, uma das maiores fabricantes do país, ressalta não só o volume de um milhão de novas moradias, mas a visibilidade que o aquecimento solar de água passará a ter depois de ter sido exigido pelo Ministério do Meio Ambiente.
"Há anos trabalhamos para esta adoção por parte do governo federal. É certo que até a adimplência das distribuidoras de energia sai fortalecida em decorrência da economia gerada pelo aquecedor", declarou.
Os fabricantes já contavam com essa possibilidade e aguardam agora apenas a especificação dos modelos e o formato das licitações. Segundo o ministério, o custo estimado para a instalação dos equipamentos é de R$ 1,9 mil por habitação, o que corresponde a cerca de 3% do valor da obra. Na visão das empresas, no entanto, este valor poderá ser ainda menor por conta da produção em grande escala.
Edson Pereira, presidente da Transsen Aquecedor Solar, acredita que o governo federal deverá se espelhar no modelo adotado pelo Estado de São Paulo na construção de unidades da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que, de acordo com ele, exige configurações mínimas ao equipamento para depois habilitar a empresa na concorrência.
"O cuidado da CDHU nos requisitos mínimos, como a exigência de certificação do Inmetro, orientação para instalação e uso, aliados à concorrência, tem dado bons resultados", disse Pereira.
Em meio às expectativas sobre o impacto das novas moradias em suas vendas, ambos os empresários informaram a pretensão de investir em suas fábricas. No caso da Soletrol, até o fim do ano que vem a capacidade de produção passará de 200 mil para 500 mil unidades por ano. O investimento totalizará R$ 10 milhões. Na Transsen, existe a perspectiva de ampliação de turnos de trabalho e instalação de novas unidades.
(Por Guilherme Manechini,
Valor Econômico, 26/03/2009)