O aquecimento global deve receber mais de um terço da culpa por uma grande queda na precipitação pluviométrica no mundo, o que inclui uma seca de uma década na Austrália e uma longa estiagem nos Estados Unidos, disse um pesquisador nesta quarta-feira.
Peter Baines, da Universidade de Melbourne, na Austrália, analisou índices de precipitação de chuvas, dados da temperatura de superfície do mar e uma reconstrução de como a atmosfera se comportou nos últimos 50 anos, com o objetivo de revelar quem ganhou e quem perdeu em quantidade pluviométrica.
O que ele encontrou foi uma tendência na qual as chuvas têm constantemente caído nos últimos 15 anos, com o aquecimento global tendo 37 por cento de responsabilidade nesse fato.
"Os 37 por cento provavelmente aumentarão se o aquecimento global continuar", afirmou Baines à Reuters em Perth, no oeste australiano, onde ele apresentou os resultados em uma importante conferência sobre mudanças climáticas.
A análise de Baines revelou quatro regiões onde os índices pluviométricos têm caído. As áreas afetadas são a área continental dos Estados Unidos, o Sudeste Asiático, uma grande região equatorial na África e o Altiplano da América do Sul.
Mas há também duas regiões tropicais onde a precipitação de chuvas têm aumentado: o noroeste da Austrália e a Bacia Amazônica.
"Tudo isso é parte de um padrão global no qual as chuvas têm geralmente aumentado nas áreas intertropicais e caído nas subtropicais em latitudes médias", afirmou Baines, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Melbourne.
A tendência de precipitação também foi acompanhada por uma outra sobre as temperaturas de superfície dos mares e oceanos, acrescentou, dizendo que usou dados retroativos a 1910.
A temperatura de superfície têm subido junto com a atmosférica. "Se você pegar os dados de temperatura de superfície e os analisar sobre um período, você pode fragmentá-los em uma série de componentes, como o componente de aquecimento global", disse.
Ele também observou a influência nas chuvas dos grandes fenômenos de circulação oceânica que têm um impacto no clima do mundo, como as correntes atlânticas que levam temperaturas quentes para o norte da Europa.
Dois padrões do Pacífico, incluindo a Oscilação Decadal do Pacífico, também foram estudadas sobre suas influências nas chuvas.
A chave de sua análise foi decifrar a influência do El Niño, que causa seca no Sudeste Asiático e na Austrália e inundações no Chile e no Peru.
Baines, que também trabalha para o Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, na Inglaterra, afirmou que as correntes do Atlântico têm 27 por cento de culpa pela queda nas chuvas, enquanto dois fenômenos do pacífico recebem 30 por cento de responsabilidade.
(Por David Fogarty,
Reuters, 25/03/2009)