O governo paraguaio enfrentou na quarta-feira um novo protesto, desta vez de um grupo de sem-teto, em meio a uma escalada de mobilizações que exigem rapidez na implementação das políticas sociais prometidas pelo presidente Fernando Lugo.
Enquanto o grupo de sem-teto ocupava o centro de Assunção provocando o caos no trânsito, produtores de gergelim fechavam as rodovias no norte do país, um dia depois de uma grande manifestação reunir cerca de 10 mil camponeses na capital.
Os protestos ocorrem no momento em que o governo de Lugo, socialista que assumiu a Presidência há menos de um ano, busca aprovar um ambicioso plano de reativação econômica a fim de fazer frente à crise financeira mundial.
Os manifestantes sem-teto, cerca de 3 mil, segundo testemunhas, marcharam pela capital para exigir a construção de moradias e a destituição do secretário de Ação Social, Pablino Cáceres, a quem acusam de atrasar as obras.
"O Estado é o responsável absoluto pela falta de resposta às reivindicações populares. Ao não ter uma resposta, as pessoas estão saindo às ruas", disse a jornalistas o líder sem-teto Felipe Cabrera.
As mobilizações da organização costumam ser rechaçadas pela população desde que, apoiadas por seus líderes, causaram destruição a domicílios e comércios e atacaram automóveis e pedestres há cerca de dois anos.
Enquanto isso, no interior do país, centenas de produtores de gergelim bloqueavam estradas em repúdio à atuação do ministro da Agricultura, Cándido Vera, na distribuição de um controvertido subsídio para amenizar os efeitos da seca.
Lugo havia chegado a um acordo com os produtores na semana passada, mas se viu obrigado a recuar ante as críticas por destinar o montante do subsídio a uma desconhecida organização vinculada a um dirigente investigado por homicídio e estelionato.
A polícia estimou que cerca de 1.500 produtores fecharam rodovias no departamento de San Pedro, no norte do país, e que as manifestações afetaram outras duas regiões.
Organizações sociais anunciaram para quinta-feira outro protesto para reivindicar rapidez na reforma agrária e mudanças no Poder Judicial, que poderia incluir um bloqueio na Ponte da Amizade, que une o Paraguai ao Brasil.
(Por Alexandra Valencia,
Reuters, 2503/2009)