Unidades como as da Sadia e da Coca-Cola têm iluminação solar e reutilizam água e resíduosNovas fábricas no País estão sendo projetadas para serem "verdes". Reúso de água, iluminação por células fotovoltaicas, mitigação de gases estufa e reaproveitamento dos resíduos estão entre as novidades das novas unidades. A tendência das construções "verdes", que já vinha sendo utilizada em condomínios e no varejo, chega, assim, à indústria.
Um exemplo é a fábrica da Sadia em Pernambuco, inaugurada na segunda-feira em Vitória de Santo Antão (PE), a 53 quilômetros de Recife. A indústria, que vai fabricar embutidos, foi um dos únicos investimentos da empresa mantidos após o agravamento da crise e a perda de R$ 760 milhões em operações com derivativos cambiais. Segundo Gilberto Tomazoni, diretor- presidente da Sadia, a fábrica foi concebida com o objetivo de ser referência em sustentabilidade no setor de alimentação.
"O projeto prevê autossuficiência em água, uma vez que a região é carente em recursos hídricos. Cerca de 40% da água será reaproveitada internamente", diz Tomazoni. Parte da energia elétrica será suprida por painéis fotovoltaicos e haverá também um plano para qualificar trabalhadores na região.
Outra companhia que está indo nessa direção é a Coca-Cola Brasil, que tem três projetos de fábricas "verdes". Uma delas é a da Matte Leão, marca de chás adquirida pela Coca-Cola. A unidade, já em construção na Grande Curitiba e prevista para entrar em operação até julho, terá captação de água da chuva, telhados com cobertura vegetal e painéis fotovoltaicos, explica Maurício Bacellar, gerente de Relações Institucionais da Coca-Cola Brasil.
Os projetos de fábricas verdes, no entanto, podem não passar de uma boa ferramenta de marketing caso não estejam vinculados a um plano de desenvolvimento sustentável regional. "Essa tendência é positiva, mas precisa ir além. Senão, teremos só ilhas de excelência em um entorno degradado", diz Paulo Durval Branco, diretor da consultoria da área de sustentabilidade Ekobé.
(Por Andrea Vialli,
Estado de S. Paulo, 25/03/2009)