O ministro da Defesa da França, Hervé Morin, anunciou, nesta terça-feira (24/03), que o país vai pagar pelo menos 10 milhões de euros, inicialmente por um ano, para as vítimas de testes nucleares.
Isso beneficia 150 mil civis e funcionários militares expostos a radiações durante 210 testes realizados na Argélia e na Polinésia Francesa, entre 1960 e 1996. Desde então, o governo francês declarava que fez o possível para minimizar os riscos dos funcionários durante os testes.
Na Argélia, foram realizados 17 testes nucleares em fevereiro de 1966, entre eles, quatro experiências atmosféricas no Saara, no sul do país. Já na Polinésia Francesa, o governo francês fez mais de 193 testes perto das ilhas de Mururoa e em Fangataufa até 1996, quando Jacques Chirac suspendeu o programa nuclear.
Funcionários e moradores de áreas próximas às zonas de teste já reclamavam de problemas de saúde, como leucemia e doenças cardiovasculares e respiratórias. Porém, esta é a primeira vez que a França reconhece a ligação entre as doenças dos veteranos e sua exposição à radioatividade.
A maioria dos testes nucleares ocorreu na Polinésia Francesa. A maioria dos testes nucleares ocorreu na Polinésia Francesa"O presidente da Associação dos Veteranos de Testes Nucleares (AVEN), Michel Leger, considera bem-vinda a indenização. Ele recorda estar no sul da Argélia, sem qualquer proteção, quando um teste sobre o solo foi realizado há 40 km de distância. "Depois disso, não houve nenhum exame médico", contou o veterano afetado por doenças cardiovasculares
Virada políticaEm entrevista ao jornal francês Le Figaro, Horin afirmou que já era tempo de a França ser verdadeira perante sua consciência. Segundo ele, ao negar as consequências que os testes podem ter provocado abre espaço para temores irracionais, boatos e especulações.
Um projeto de lei será apresentado no próximo mês para a formação de uma comissão de nove médicos e um magistrado, que examinarão as pessoas afetadas pela radiação. Outra mudança será que as vítimas não terão de provar a ligação entre a radiação e a sua doença. Em vez disso, "o Estado terá de provar que a doença não está associada à radioatividade", explicou Morin.
(JBN/SM/afp/dpa /
DW-World.De, 24/03/2009)