Zoneamento de Risco contempla 500 mil hectares, mas não detalha finalidade Depois de muita articulação para garantir a inclusão do Rio Grande do Sul no Zoneamento Agroclimático da Cana-de-Açúcar e de uma espera de dois anos, o novo motivo de apreensão para os agricultores é se o governo federal irá respaldar o plantio da gramínea com vistas à produção de etanol. O Zoneamento de Risco (que inclui 500 mil hectares onde a chance de perda é inferior a 20%), apresentado em encontro realizado na Fepagro, não expõe os usos que estariam contemplados para quem optar pelo seguro agrícola ou pelo Proagro, o que pode desestimular o investimento de empresas no Estado.
'O zoneamento não diz se a cana pode ser usada para a fabricação de etanol. Minha preocupação é que isso não está claro', disse o presidente da Fepagro, Benami Bacaltchuck. Por isso, a entidade deverá enviar novos dados a Brasília reforçando que não existem riscos na produção em escala. 'Acho que o medo do governo é que se desvie a área de produção de alimentos para etanol, o que poderia levar ao aumento de preço da alimentação no Estado.'
Os agricultores familiares esperavam que o estudo viabilizasse o uso da cana-de-açúcar para etanol integrado à produção animal. O assessor de política agrícola da Fetag, André Raupp, explicou que a proposta é que os produtores utilizem o pendão para alimentar o gado e o restante da planta seria encaminhado para microusinas de álcool.
Além de inserir no texto a possibilidade de uso da cana para produção de etanol, o setor ainda terá de fazer mais articulações políticas. O coordenador estadual do Programa Estruturante de Agroenergia, Nídio Barni, explicou que o zoneamento para o Rio Grande do Sul está vinculado ao do Mato Grosso, e que o setor buscará o desmembramento dos projetos. Segundo ele, o estudo para a lavoura gaúcha já estaria pronto para publicação, mas esbarra nas dificuldades para liberação do outro estado, devido à proximidade com a Amazônia.
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Correio do Povo, 23/03/2009)