Até o início da tarde de ontem (22), índios caingangues da Reserva Barão de Antonina, em São Jerônimo da Serra, no norte do Paraná, continuavam mantendo como reféns o antropólogo da Companhia Paranaense de Energia (Copel) Alexandre Húngaro da Silva e dois funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviço para a estatal.
Os índios mantêm os três homens em cativeiro como forma de garantir o prosseguimento das negociações com a estatal para o pagamento de indenização pelo uso de terras da reserva, onde estão instaladas 14 torres de transmissão de energia. Ninguém está conseguindo entrar ou sair da aldeia sem autorização do cacique.
O representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Londrina, Marcos César da Silva, disse que esteve na reserva na tarde de ontem (21) e que, apesar do clima tenso na aldeia, os reféns estão bem. Segundo ele, a administração da Funai em Londrina está tentando, por telefone, negociar a libertação dos reféns.
José Almir Torres Quintanilha, 28 anos, e seu irmão, Valmiron Torres Quintanilha, 30 anos, foram feito reféns na última quinta-feira(19), quando faziam o trabalho de inspeção de rotina na aldeia. O antropólogo foi ao local no dia seguinte tentar uma negociação e também foi dominado pelos índios.
As mulheres de José e Valmiron, Lúcia e Josilene Torres, informaram à Agência Brasil que o último contato com eles foi na noite de ontem (21). “Os dois disseram que estão sendo bem tratados . Estão em uma sala com colchões e cobertas. Os índios têm permitido que a Copel envie a alimentação. Mas estamos preocupadas, porque os índios já avisaram a eles que se polícia invadir a reserva a situação vai se complicar”, contou Josilene.
Elas disseram que os maridos estão na expectativa de serem libertados apenas na próxima quarta-feira (25), após reunião entre representantes da aldeia com Ministério Público Federal (MPF), Funai e Copel para discutir os valores da indenização.
O impasse teria começado porque essa reunião, anteriormente agendada para o último dia 18, foi cancelada. Os índios não foram informados sobre isso e compareceram ao local marcado. Segundo a assessoria de imprensa da Copel, em Londrina, manter os reféns é uma forma de garantir as negociações.
A assessoria informou que o pagamento pelo uso da reserva, no valor de R$ 25 mil, é feito todos os meses e não está atrasado. O que está sendo discutindo agora é uma indenização por danos culturais e ambientais da área. A Copel ofereceu uma cota de R$ 1 milhão, mas os índios querem um valor maior.
(Por Lucia Nórcio,
Agência Brasil, 21/03/2009)