Neste domingo, será comemorado o Dia Mundial da Água, criado pela ONU para chamar a atenção para a importância da preservação e da proteção de fontes. Em Porto Alegre, a data será celebrada no Brique da Redenção. A partir das 11h, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) realizará uma série de ações que integram as comemorações da Semana de Porto Alegre. A população poderá conhecer os programas Água Certa, Esgoto Certo, Socioambiental e Educação Ambiental, ter acesso a serviços comerciais, como segunda via de conta, e esclarecimento de dúvidas. Também haverá apresentação do Coro de Servidores e do esquete teatral 'Os Superamigos da Água'.
‘Cada vez mais próxima a escassez de água’ Manter a qualidade e a quantidade de água disponível são as maiores preocupações das autoridades e ambientalistas que querem conscientizar a população sobre as ameaças ao Planeta.
O assunto é destaque neste Dia Mundial da Água. De acordo com a ONU, 3 bilhões de pessoas terão problemas relacionados à escassez de água em 2025. O presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, Everton Luiz da Costa Souza, destaca a grande preocupação diante da contaminação do meio ambiente e alerta que os problemas já podem ser sentidos. 'Temos acompanhado cidades como Recife e Curitiba, que já têm problemas no abastecimento e são obrigadas a apelar para o racionamento. A escassez está mais próxima do que se imagina', avisa ele, lembrando do racionamento que ocorreu em municípios gaúchos devido à estiagem.
O presidente cita como um dos dilemas a produção agrícola, que é responsável pelo consumo de 70% da água disponível. E a tendência é só aumentar. 'A agricultura é de extrema importância, mas é preciso que haja avaliações sobre como tornar os processos produtivos mais dinâmicos e com economia de água.'
O desperdício é outro ponto. 'A facilidade em abrir uma torneira e ter água em abundância torna difícil a aplicação de medidas de economia e de uso racional', coloca o professor do Instituto de Pesquisa Hidráulica da Ufrgs Dieter Wartchow. Especialista em projetos para reutilização da água, ele afirma que ocorrem muitos debates sobre a falta de água, mas pouca coisa realmente é feita. Wartchow avalia que existem tecnologias, legislações e projetos para permitir o uso mais adequado. Para o professor, é necessário haver uma mudança cultural – a população precisa investir nas tecnologias aplicáveis como as caixas de descarga sanitária com baixo volume de água e as cisternas (sistema que capta a água da chuva).
O debate sobre a água vai além da preservação. A necessidade de criação de alternativas para a redução do consumo e o reaproveitamento da água tem sido uma consciência crescente nas empresas e nas universidades. Na prática, porém, muitas dessas alternativas são caras e causam impactos nas residências. Mesmo assim, Paulo Costa, diretor de uma empresa paulista de reutilização da água, diz que em certas situações a instalação de equipamentos pode gerar economia de até 50% na conta da água. Para ele, a falta de incentivo dos governos impede a expansão dessas tecnologias.
(Por Mauren Xavier,
Correio do Povo, 22/03/2009)