A cerimônia de abertura da Reunião Regional da SBPC em Tabatinga (AM)
mostrou que a SBPC e o governo do Estado do Amazonas estão engajados
numa mesma luta: o desenvolvimento sustentável da região baseado em um
sistema eficiente de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I).
Todas as autoridades da região presentes – do prefeito de Tabatinga,
Saul Bernegui, ao governador do Estado do Amazonas, Eduardo Braga –,
enfatizaram a importância da Ciência e Tecnologia para o
desenvolvimento sustentável, e o quanto a Reunião Regional da SBPC vem
ao encontro das estratégias adotadas neste sentido.
O governador do Estado lembrou que os desafios da Amazônia hoje são do
tamanho da região: 1,4 milhões de km quadrados de reservas de floresta,
98% de floresta intacta, 50% do estoque de carbono, 16% da reserva de
água doce, e cerca de 4 milhões de habitantes que precisam de uma
resposta do governo para a melhoria de sua condição de vida num cenário
em que a exploração dos recursos naturais não pode ser de outra forma
que não sustentável. “E a única maneira que encontramos de dar uma
resposta à população foi investir em C,T&I”, afirmou o governador.
O presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, elogiou a organização do
sistema de C,T&I do Amazonas e afirmou que com a Reunião Regional
de Tabatinga a SBPC está iniciando um processo de cooperação com o
governo estadual, via Universidade do Estado do Amazonas (UEA), para
ajudar a consolidar esse sistema. Em seu discurso, Raupp lembrou que a
SBPC, em sua trajetória na defesa da ciência e da tecnologia, teve uma
participação ativa na organização do sistema brasileiro de C&T. Na
sua avaliação, a Amazônia é estratégica para o desenvolvimento do País,
e que para incorporá-la nas questões do Brasil é preciso também
estabelecer parcerias com instituições panamericanas, a exemplo das
instituições de ensino e pesquisa do Peru e da Colômbia – países que
fazem fronteira com a cidade de Tabatinga.
Uma mostra do quanto a SBPC pretende colaborar neste sentido, disse
Aldo Malavasi, secretário-geral da entidade, é o fato de todos os
diretores da SBPC, mais o presidente de honra Ennio Candotti, estarem
presentes no evento.
A cerimônia de abertura, que lotou o ginásio esportivo da cidade com
cerca de 1,6 mil, também contou com a presença da reitora da UEA,
Marilene Corrêa; do secretário estadual de Ciência e Tecnologia, José
Aldemir de Oliveira; do secretário estadual de Educação, Gideão Amorim;
do secretário do Governo do Estado do Amazonas, José Mello; do
pró-reitor de Planejamento da Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Edmilson Bruno da Silveira, que representou o reitor da UFAM,
Hindenberg Frota; e do diretor do Centro Superior de Tabatinga da UEA,
José Roberto Faria e Faria. No auditório, havia também várias
autoridades de municípios vizinhos.
Zona franca verdeO presidente da SBPC, deu ao governador do Estado
do Amazonas a honra de proferir a aula inaugural da Reunião Regional
para ele pudesse expor o funcionamento do sistema de C,T&I da
Amazônia. Em sua exposição, Eduardo Braga disse que o programa de
sustentabilidade da Amazônia está baseado em cinco princípios: floresta
vale mais em pé do que derrubada; a população é a verdadeira guardiã da
floresta; a pobreza e a ineficiência na educação são os principais
vetores do desmatamento; atividades tecnológicas para o uso adequado
dos recursos naturais; e classificação dos recursos naturais entre
renováveis e não renováveis. “Mas para seguir esses princípios, as
políticas públicas sociais são fundamentais”, disse ele.
O governador afirmou que a Amazônia está sendo vítima das mudanças
climáticas, e para enfrentar suas conseqüências a primeira estratégia é
formar recursos humanos em todos os níveis. “Hoje a Amazônia conta com
42 cursos de graduação, 21 de mestrado e 20 de doutorado”, disse ele,
acrescentando que o governo também está investindo pesado em cursos
técnico, de qualificação e de inclusão digital, superando o desafio do
isolamento das comunidades na Amazônia.
A segunda estratégia é investir em inovação tecnológica com um programa
de estímulo ao empreendedorismo; e a terceira, a aquisição de
conhecimento para a sustentabilidade com fomento para redes de
pesquisa, a exemplo da rede de pesquisa sobre malária e sobre mudanças
climáticas. Braga acredita que este é o único caminho para dar uma
resposta a nova relação homem-natureza. “O que queremos criar aqui é
uma zona franca verde, com um conjunto de programas que possibilite
valorizar os arranjos produtivos sustentáveis”, finalizou.
(
SBPC, 18/03/2009)