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etanol
2009-03-18
O jornal The New York Times publicou em 12 de fevereiro a reportagem “Ethanol, just recently a savior, is struggling” (Etanol, recentemente um salvador, agora luta para viver), assinada por Clifford Krauss. O repórter informa no texto que as metas presentes na lei sobre energia editada pelo Congresso dos EUA em 2007 dificilmente serão atingidas. A lei estabeleceu padrão mais rígido para a eficiência energética dos veículos e metas para a utilização crescente de biocombustíveis. À época, a imprensa dos EUA registrou os limites constantes da lei como vitória das indústrias automobilística e do petróleo.

Agora, a queda do consumo de combustível nos EUA, resultado do aprofundamento da recessão no país, já afeta a indústria de etanol de milho. O texto informa que, no entanto, são as empresas de etanol celulósico, feito a partir de resíduos agrícolas, que “virtualmente não têm chance” de cumprir as metas do Congresso.

A sorte mudou para ambos os tipos de etanol, conta a reportagem, com a queda abrupta do preço do petróleo. Meses atrás, observa o repórter, os estoques de etanol de milho eram disputados, para que a mistura do produto à gasolina baixasse o preço total do combustível. Ao mesmo tempo, investidores sentiam-se confiantes para pôr dinheiro nas empresas em busca de etanol de segunda geração.

A agência do governo dos EUA para o assunto, a Energy Information Administration (EIA), já havia manifestado que a indústria não conseguiria atingir os objetivos. Também o presidente do Comitê do Senado para Energia e Recursos Naturais, Senador Jeff Bingaman, declarou que as metas da lei teriam de ser reavaliadas.

 
Os números
O repórter afirma que uma das maiores produtoras de etanol do país, a VeraSun Energy, suspendeu a fabricação em 12 das suas 16 plantas de etanol e planeja vendê-las. Outras três empresas pediram concordata; e mais uma declarou que suspenderia suas operações na Califórnia, registra o texto.

Os dados da Renewable Fuels Association, uma organização como a brasileira União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), são mais abrangentes e estimam que, entre as 150 companhias de etanol norte-americanas, com suas 180 fábricas, dez ou mais fecharam 24 fábricas nos últimos três meses. Isso deve levar a produção anual de aproximadamente 45 bilhões de litros de etanol para 37 bilhões de litros.

As metas da lei dos EUA
A lei de energia previa um aumento progressivo na mistura de etanol à gasolina dos EUA, com o objetivo de diminuir as emissões de C02 e também de reduzir a dependência do país do petróleo estrangeiro. Para 2015, a lei previa um consumo de 52 bilhões de litros de combustível ao ano; e para 2022, a entrada no mercado do etanol celulósico. A expectativa do Congresso, explica o repórter, era que o início da comercialização de etanol celulósico superasse a “controvérsia associada ao etanol de milho”, de que sua transformação em combustível estaria elevando os preços dos alimentos. Para o etanol celulósico, as metas do Congresso são modestas: 350 milhões de litros em 2010 e 875 milhões em 2011. “Mas está se tornando claro que mesmo essas metas modestas não serão cumpridas”, informa o texto.

 
As dificuldades do etanol celulósico
Para mostrar os problemas que a produção de etanol celulósico ainda enfrenta, o jornal procurou Carlos Riva, presidente e executivo principal da Verenium, e registrou sua declaração de que as dificuldades tecnológicas para a produção comercial do etanol celulósico não são facilmente superáveis. Apesar disso, o executivo disse ao repórter que as metas para 2010 e 2011 poderão ser alcançadas em poucos anos.

Empresas emergentes que construíram usinas-piloto querem passar à produção comercial, mas o investimento privado “desabou” desde o início da crise; “e não está claro se a indústria vai ganhar escala”, de acordo com o texto. “Etanol celulósico é alguma coisa que está sempre cinco anos à frente, e cinco anos depois se chega ao ponto em que permanece cinco anos à frente”, disse ao Times Aaron Brady, “um expert em energia” da empresa de consultoria Energy Research Associates.

 
O consumo de combustível e o etanol celulósico
O consumo de gasolina em 2009 e 2010, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal, será pelo menos 6% menor que o de 2007; se o nível for esse, a produção de etanol já superaria 10% da gasolina consumida. Mas o limite estabelecido pela lei é justamente 10% de etanol no total de combustível utilizado. Isso significa, observa o repórter, que não haverá mercado para o etanol excedente.

Se não houver lugar para o etanol de milho, muito menos para o etanol celulósico - a não ser que o limite de mistura seja ampliado. A indústria automobilística diz que os carros não foram desenhados para maior concentração de etanol. “Mas a Agência de Proteção Ambiental e o Ministério da Energia”, conta a reportagem, “estão estudando essa possibilidade”. O Senador Bingaman, do Comitê de Energia e Recursos Naturais, espera que os estudos se completem em um ano; e declarou que gostaria de ver mais etanol misturado à gasolina. “Quando fizemos a lei”, o jornal registra como declaração do senador, “não antecipamos a recessão em que estamos mergulhando”, para explicar que ainda não sabe com clareza o que isso poderá trazer de mudanças nas metas estabelecidas.

(Mercado Ético, Carbono Brasil, 17/03/2009)

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