O juiz Tristán Martinez, da cidade de Santa Fé, ordenou a suspensão imediata das fumigações nas adjacências da zona urbana dessa cidade, até que o Conselho Deliberante e o Município delimitem a linha agronômica. A decisão foi tomada depois de que um grupo de moradores afetados pelas fumigações e o Centro de Proteção à Natureza de Santa Fé entraram na justiça com um recurso de amparo pedindo o fim dessas fumigações.
Em toda a província de Santa Fé, podem ser observadas infrações à Lei nº 11.273 de Fitossanitários. O problema está na falta de delimitação da linha agronômica. Os moradores acreditam que a demora se dá tanto por ineficiência governamental do organismo de controle como pelas autoridades comunais e municipais que privilegiam a produção e a contaminação antes que a saúde das pessoas.
Em 2007, o Centro de Proteção da Natureza já havia entrado com uma petição ante a Defensoria Pública. A Defensoria aconselhou o prefeito da província, a Direção de Sanidade Vegetal e a Subsecretaria de Municípios e Comunas a delimitar, com urgência, a linha agronômica prevista por lei em todas as localidades da província.
A organização não-governamental Grupo de Reflexão Rural (GRR) divulgou um relatório em que descreve casos de doenças provocadas pelas substâncias presentes nas fumigações, como câncer em idades precoce, malformação congênita, lupus, problemas renais, doenças respiratórias e dermatites. O documento se baseia em testemunhos de médicos rurais, especialistas e habitantes de dezenas localidades do interior do país.
Desde 2006, o Grupo realiza a campanha "Parem de Fumigar", que identifica os povos afetados pela fumigação com glifosato, o herbicida tolerado pelas variedades de soja transgênica plantadas na Argentina, que elimina toda espécie vegetal que não seja oleaginosa. Dados oficiais revelam que cerca de 200 milhões de litros de glifosato são necessários por ano para pulverizar os campos argentinos.
A campanha tem como objetivo informar e conscientizar as populações acerca dos riscos desses impactos provocados por essas pulverizações e fumigações. O Grupo difunde os casos por meio de seu programa radiofônico Horizonte Sul (Rádio Nacional AM 870, com alcance nacional) e incentiva os moradores a se organizarem na defesa de seus direitos de ter saúde e um meio ambiente saudável.
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Adital, 17/03/2009)