Líderes dizem que só saem do prédio após terem exigências atendidas
Pintados com urucum em sinal de revolta e fumando cachimbo simbolizando pedido de proteção, índios guarani de 15 aldeias do Litoral do Estado invadiram, ontem de manhã, a sede do Núcleo de Apoio Local da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Palhoça, na Grande Florianópolis. Cerca de 40 caciques e lideranças pretendem ficar no local até que as reivindicações sejam atendidas e a chefia do núcleo seja ocupada por um índio.
A iniciativa do movimento pacífico foi da Comissão Catarinense Guarani Nhemongueta. Segundo o coordenador da comissão, Leonardo Gonsalves (Werá Tupã), a falta de atendimento por parte do chefe do núcleo, José João de Oliveira, gerou o descontentamento e a consequente tomada do prédio. Os índios pediram que os funcionários saíssem do prédio e mantiveram guerreiros, com arcos e flechas, na porta de entrada.
As lideranças das aldeias reclamam da falta de encaminhamentos por parte do chefe do núcleo, principalmente em assuntos relacionados à saúde, educação e agricultura. De acordo com Tupã, há dificuldades até mesmo na confecção de documentos.
– Queremos que um guarani ocupe o cargo – ressaltou.
O professor da Aldeia Itaty, no Morro dos Cavalos, em Palhoça, Adão Antunes, comentou que não existe acompanhamento à educação das crianças. Conforme Antunes, também faltam material escolar, alimentação e a visita frequente de um pedagogo da Funai.
O cacique da Aldeia Morro Alto, de São Francisco do Sul, Adriano Morinico, ressaltou que a ausência do chefe do núcleo compromete as atividades no local.
– Não existe, sequer, a comunicação com a liderança cacique sobre em que pé está a regularização da área da aldeia.
Reivindicação foi passada para Brasília
O Núcleo de Palhoça é vinculado à Funai de Curitiba. O administrador do órgão, Glênio Alvarez, disse ontem, por telefone, que José João de Oliveira não falaria sobre o assunto.
Ele ressaltou que a reivindicação de troca na presidência foi repassada à Funai de Brasília, que é responsável por nomear os cargos comissionados, e argumentou sobre as reclamações dos indígenas:
– A saúde não é questão da Funai, mas da Funasa. A educação é de responsabilidade da secretaria de Estado da Educação. Só agricultura é com a gente, mas existe um funcionário contratado para passar nas aldeias e verificar questões agrícolas e viabilizar projetos – explicou.
(Diário Catarinense, 17/03/2009)